Hungria retira veto e permite renovação de sanções da UE contra a Rússia
Após negociações, a Hungria autoriza a extensão das sanções da União Europeia contra a Rússia por mais seis meses.
A Hungria decidiu recuar em sua posição de veto e, nesta segunda-feira, autorizou a renovação das sanções impostas pela União Europeia (UE) contra a Rússia, que se estenderão por mais seis meses. Essa decisão encerra um breve período de incerteza política que havia gerado preocupações em Bruxelas.
A medida foi aprovada durante uma reunião entre os ministros das Relações Exteriores da UE, onde foi apresentada uma declaração que visava assegurar a “integridade das infraestruturas energéticas”, um ponto que havia gerado apreensão por parte do governo húngaro, conforme relataram diplomatas à imprensa.
As sanções, que abrangem restrições em setores como petróleo, carvão, tecnologia e finanças, além do congelamento de ativos do Banco Central da Rússia, estavam programadas para expirar em 31 de janeiro, a menos que houvesse um consenso entre os países membros.
Nos dias que antecederam a decisão, a Hungria intensificou sua retórica crítica, sugerindo que a nova administração dos Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, exigiria uma reavaliação das políticas do bloco europeu e da renovação das sanções a cada seis meses.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, havia estabelecido uma conexão entre a situação das sanções e uma disputa com a Ucrânia sobre o trânsito de gás russo, que foi interrompido no final de 2024. Em uma entrevista, Orbán afirmou: “O que está fechado agora deve ser reaberto. Este não é um assunto da Ucrânia, é um assunto da Europa Central”.
Orbán também insinuou que, caso a Ucrânia desejasse apoio, deveria considerar a reabertura das rotas de trânsito de gás, permitindo que países da Europa Central, como a Hungria, recebessem o gás necessário através do território ucraniano.
Os diplomatas em Bruxelas não reagiram positivamente à abordagem “transacional” da Hungria, que tem sido uma estratégia utilizada desde o início da invasão russa à Ucrânia. Apesar das ameaças, a Hungria nunca havia tentado desestabilizar o regime de sanções, que foi cuidadosamente estruturado em 15 pacotes diferentes.
Um diplomata da UE comentou: “As ameaças são levadas a sério”, referindo-se à dificuldade em alcançar um consenso durante uma reunião de embaixadores da UE.
No fim de semana, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, sinalizou uma possível abertura ao permitir o trânsito de gás azeri através da Ucrânia, algo que havia sido anteriormente excluído como uma opção viável.
“Há gás, há rotas de abastecimento a partir do Azerbaijão. A chave é ter a vontade política de trabalhar para o seu povo e não com Moscovo”, disse Zelenskyy durante uma coletiva de imprensa com a presidente da Moldávia, Maia Sandu.
A Hungria e a Eslováquia, por serem países sem litoral, têm enfatizado a importância da continuidade do trânsito de gás através da Ucrânia, alertando que suas economias seriam severamente afetadas por uma mudança abrupta no fornecimento de energia.
A Comissão Europeia, que deu apoio tácito à decisão de Zelenskyy de rescindir o contrato com a Gazprom, afirmou que o impacto da mudança será limitado, pois a UE está preparada para a transição para fontes de energia não russas.
O comunicado da Comissão, elaborado em conjunto com o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), menciona a disposição de dialogar com a Ucrânia sobre os fluxos de gás e petróleo, incluindo a Hungria nesse processo.
Com o desfecho dessa polêmica, outra questão pode se aproximar: Bruxelas já se prepara para um 16º pacote de sanções contra a Rússia, com a intenção de aprová-lo antes do terceiro aniversário da guerra, que ocorrerá no final de fevereiro, sendo necessária a unanimidade entre os países da UE.
Veja também: