Lula e Mauro Vieira discutem crise migratória após deportações dos EUA
Reunião aborda a chegada de brasileiros deportados e os maus-tratos relatados durante o voo
Na manhã desta segunda-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu no Palácio do Planalto com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir a crise migratória e diplomática gerada pela política anti-imigração do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump.
A reunião ocorre em um momento delicado, após a chegada de 88 brasileiros deportados dos EUA na última sexta-feira (24). Esses deportados, que foram trazidos de volta ao Brasil algemados e acorrentados, relataram maus-tratos durante o voo, o que gerou indignação no governo brasileiro.
A política de Trump contra imigrantes, que se intensificou recentemente, está afetando as relações com diversos países da América Latina. As imagens dos deportados, que chegaram em condições degradantes, repercutiram internacionalmente, levando a uma reação negativa de líderes de países vizinhos.
No sábado (25), o presidente do México e o da Colômbia se recusaram a receber aviões com deportados sob as mesmas condições. Essa postura gerou tensões diplomáticas, especialmente com a Colômbia, que, após pressão dos EUA, acabou por aceitar os deportados, resultando na suspensão de sanções econômicas impostas por Trump.
Durante a reunião, Lula e Vieira também devem abordar a participação do presidente brasileiro em um encontro de emergência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), agendado para esta quinta-feira (30). O encontro visa discutir não apenas as deportações, mas também questões ambientais e a unidade entre os países da região.
Os primeiros brasileiros deportados dos EUA chegaram ao Brasil sob forte comoção. Os relatos de agressões e ameaças por parte dos agentes americanos, além de restrições ao acesso à água e ao banheiro, foram amplamente divulgados.
O Itamaraty, em nota oficial, expressou sua indignação em relação ao uso indiscriminado de algemas e correntes, afirmando que tal prática viola os acordos que garantem um tratamento digno e respeitoso aos repatriados. A pasta classificou o tratamento recebido pelos deportados como “degradante” e anunciou que exigirá explicações do governo dos Estados Unidos.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também se manifestou sobre o assunto, descrevendo a situação como um “flagrante desrespeito” aos direitos dos brasileiros. Ele destacou a necessidade de uma resposta firme do governo diante das violações relatadas.
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