Estudo da Unico e Instituto Locomotiva revela preocupante cenário sobre privacidade infantil
28 de Janeiro de 2025 às 17h01

Uma em cada três crianças tem perfil aberto em redes sociais, aponta pesquisa

Estudo da Unico e Instituto Locomotiva revela preocupante cenário sobre privacidade infantil

Uma pesquisa realizada pela Unico, empresa especializada em identidade digital, em parceria com o Instituto Locomotiva, revelou que pelo menos uma a cada três contas de crianças e adolescentes de 7 a 17 anos em redes sociais no Brasil possui perfil totalmente aberto. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (28), Dia Internacional da Proteção de Dados, e destacam a vulnerabilidade exposta por esse comportamento.

O levantamento, que contou com a participação de 2.006 responsáveis por jovens em todo o país, foi realizado entre os dias 9 e 24 de outubro de 2024, e apresentou uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais. A pesquisa indica que, além da abertura dos perfis, quase metade (47%) dos jovens não controla quem são seus seguidores, permitindo que desconhecidos interajam com suas contas.

Esse cenário tem gerado preocupação entre os pais, como é o caso de Suzana Oliveira, mãe de uma menina de 12 anos que, apesar de sua pouca idade, mantém perfis abertos em plataformas como Instagram e Snapchat. “Isso é algo que me deixa muito preocupada, pois não sei quem está vendo as postagens da minha filha”, afirma a publicitária de 41 anos.

Diana Troper, diretora de proteção de dados da Unico, alerta para os riscos associados a perfis abertos. “Essas informações, que estão publicamente acessíveis, são de pessoas mais vulneráveis e podem ser utilizadas para a prática de crimes e fraudes”, destaca.

O estudo também revelou que 89% dos pais acreditam estar preparados para garantir a privacidade dos dados de seus filhos, mas 73% desconhecem ações que podem levar a vazamentos de informações. Além disso, 75% das crianças e adolescentes brasileiros têm um perfil próprio em alguma rede social.

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A pesquisa identificou que 61% dos jovens compartilham fotos pessoais e de familiares, além de marcar localizações e identificar membros da família nas plataformas. Essa exposição inclui a postagem de fotos em ambientes que frequentam (40% dos entrevistados) e o uso de uniformes escolares (33%).

Troper também enfatiza a importância da conscientização sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que proíbe a coleta de informações de perfis abertos sem o devido consentimento dos usuários. “Sabemos que fotos e informações como locais frequentados podem criar um mapa de vulnerabilidades, que pode ser explorado por fraudadores”, alerta.

A maioria dos responsáveis (86%) concorda que é fundamental educar os filhos sobre proteção de dados para evitar problemas futuros. No entanto, 73% deles não têm conhecimento sobre os riscos que podem levar ao vazamento de informações.

Os organizadores da pesquisa listaram diversos riscos, como abrir links ou anexos de e-mails sem confirmação de procedência, utilizar computadores públicos, repetir senhas em várias contas e baixar aplicativos de fontes duvidosas. Diana Troper ressalta que “a conscientização e a educação digital são essenciais para proteger as futuras gerações no ambiente online”.

Na casa de Keila Santana, mãe de dois filhos, a vigilância é constante. Pedro, de 13 anos, só pode usar as redes sociais por duas horas diárias e sem postagens. Keila acredita que esse acompanhamento é um desafio, especialmente com a pressão que as redes sociais exercem sobre os jovens.

Luciana Alencar, mãe de dois meninos, expressa preocupação com o conteúdo que seus filhos consomem nas redes. “Meu medo é que eles se tornem replicadores de discursos de ódio e preconceito”, afirma. Para ela, educar os filhos sobre esses temas é uma prioridade.

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