O David Game College, no centro de Londres, implementou um projeto piloto que usa inteligência artificial para apoiar estudantes na preparação para o GCSE.
28 de Janeiro de 2025 às 19h31

Colégio em Londres utiliza IA para auxiliar alunos em preparação para exames

O David Game College, no centro de Londres, implementou um projeto piloto que usa inteligência artificial para apoiar estudantes na preparação para o GCSE.

O David Game College, uma instituição de ensino privada localizada no coração de Londres, lançou há aproximadamente seis meses um projeto piloto que utiliza inteligência artificial (IA) para auxiliar alunos na preparação para o GCSE, um exame equivalente ao brevet na França. A iniciativa, embora inovadora, é recebida com cautela por especialistas na área educacional.

O vice-diretor da escola, John Dalton, que também é professor de biologia, explicou que a plataforma de IA “controla” como os alunos aprendem e fornece informações sobre seus hábitos de estudo. “A inteligência artificial vai transformar a educação. Não há dúvida a respeito”, afirmou Dalton, destacando a importância da tecnologia na personalização do ensino.

Atualmente, sete estudantes estão participando deste projeto, que ocorre em uma sala de aula equipada com computadores. Ao invés de professores tradicionais, os alunos contam com “coaches pedagógicos”, que são profissionais qualificados, mas que podem não ter conhecimento aprofundado sobre todas as disciplinas. O papel desses coaches é orientar os alunos no uso da IA e apoiá-los em habilidades não técnicas, como a capacidade de debate.

Dalton ressaltou que a IA pode avaliar o conhecimento dos alunos “com maior precisão que um professor médio” e ajudar a identificar lacunas no aprendizado. Essa abordagem visa oferecer um ensino mais adaptado às necessidades individuais de cada aluno.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, comprometeu-se a transformar o Reino Unido em um “líder mundial” em inteligência artificial. Ele anunciou um plano de ação destinado a atrair empresas e investidores, buscando revitalizar uma economia que enfrenta desafios. O governo também enfatiza que a IA pode auxiliar professores na organização de aulas e na correção de provas, desenvolvendo ferramentas como um assistente de aulas chamado “Aila”, adaptado ao currículo britânico.

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Rose Luckin, professora da University College London (UCL) e especialista em IA na educação, descreveu o projeto do David Game College como um “caso único”. Ela expressou dúvidas sobre a capacidade da IA de ensinar todas as disciplinas, como matemática, inglês e ciências. “Não quero ser negativa demais, porque se não testarmos essas ferramentas, não saberemos como funcionam”, comentou.

Luckin também reconheceu que a IA pode transformar o papel dos professores, mas ainda é “impossível” prever como isso ocorrerá. Ela espera que o colégio avalie o impacto da IA, se positivo ou negativo, na experiência de aprendizado dos alunos.

Massa Aldalate, uma aluna de 15 anos que participa do projeto, compartilhou sua experiência positiva. “No início, eu tinha dúvidas, mas é muito mais eficaz se você realmente quer terminar seu trabalho”, afirmou. Ela mencionou que não sente falta da aula tradicional e que a experiência com a IA funcionou bem para ela.

O National Education Union, um dos principais sindicatos de professores do Reino Unido, elogiou a ênfase do governo na formação de docentes em ferramentas digitais. No entanto, seu secretário-geral, Daniel Kebede, destacou que isso deve ser acompanhado de “investimentos significativos” para garantir que as escolas tenham acesso às tecnologias necessárias.

Por fim, Rose Luckin observou que o programa do David Game College é “elitista”, com um custo anual de 27.000 libras esterlinas (cerca de 199.726 reais), superando em mais de 10.000 libras o valor médio das mensalidades em escolas privadas britânicas. A desigualdade no acesso à tecnologia é um dos desafios que a IA traz para o cenário educacional.

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