Congresso brasileiro cobra embaixada dos EUA por deportações de brasileiros
Deputado Túlio Gadêlha acionará a embaixada americana e a Comissão Interamericana sobre tratamento a deportados
O Congresso Nacional do Brasil decidiu, em uma ação conjunta, cobrar explicações da embaixada dos Estados Unidos sobre o tratamento dispensado a brasileiros deportados. A medida ocorre após um incidente envolvendo um voo que trouxe 88 deportados, os quais foram algemados durante a viagem.
O atual presidente da Comissão sobre Migrações e Refugiados do Congresso, deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), anunciou que acionará tanto a embaixada americana quanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos para discutir as condições das deportações e o uso de algemas.
“Nosso papel agora, como representantes do Congresso Nacional, será acolher, garantir o tratamento adequado aos brasileiros, além de cobrar respeito, denunciando e dando visibilidade ao caso em âmbito mundial. Nossas leis não podem ser submissas a essa política autoritária, violenta e intolerante característica da ultradireita”, afirmou Gadêlha.
No início da semana, o Itamaraty convocou o encarregado de Negócios da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre o que o governo brasileiro classificou como “distúrbios” na recente deportação de brasileiros.
Durante a reunião, Escobar admitiu que os deportados já viajaram algemados em voos anteriores, defendendo que esse é um procedimento padrão adotado pelos Estados Unidos. Ele se comprometeu a investigar as denúncias de violações de direitos humanos.
O incidente que gerou a indignação ocorreu no último dia 24, quando um voo com deportados fez uma escala de emergência em Manaus devido a problemas técnicos. Durante a parada, os brasileiros reclamaram à Polícia Federal sobre a falta de alimentação e a ausência de ar condicionado no voo.
As autoridades brasileiras intervieram e, após a escala, determinaram que os deportados não seguissem algemados no trecho entre Manaus e Belo Horizonte, seu destino final. O governo brasileiro enviou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os deportados, garantindo que eles fossem tratados com dignidade.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também expressou sua preocupação com a situação. “Acompanho com preocupação o tratamento dispensado pelas autoridades norte-americanas a brasileiros deportados. O respeito à dignidade humana é um conceito consagrado em um mundo civilizado e democrático”, declarou.
Além disso, o Itamaraty denunciou o uso “indiscriminado” de algemas pelos EUA, classificando essa prática como uma violação dos acordos internacionais que regem as deportações. A Polícia Federal já iniciou uma investigação sobre o tratamento dado aos deportados, que relataram ter enfrentado maus-tratos por parte dos agentes americanos.
Os deportados, que foram detidos durante a administração de Joe Biden, chegaram ao Brasil em um voo que partiu na gestão de Donald Trump, que tem priorizado políticas rigorosas de controle da imigração.
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