Embaixada do Brasil é atacada em meio a protestos no Congo
Incidente ocorre em Kinshasa, onde manifestantes criticam a atuação do M23 em Goma
A Embaixada do Brasil, localizada em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, foi alvo de um ataque na última terça-feira (28). O incidente ocorreu durante uma série de protestos contra o avanço do grupo rebelde M23 na cidade de Goma, que tem enfrentado intensos conflitos nas últimas semanas.
Os manifestantes, insatisfeitos com o que consideram a conivência de nações estrangeiras em relação à situação, também atacaram embaixadas de outros países, incluindo os Estados Unidos, França, Bélgica e Ruanda, conforme relatado pela agência de notícias AP.
Em comunicado oficial, o Itamaraty informou que, felizmente, nenhum funcionário da embaixada brasileira foi ferido durante o ataque. A nota destacou que a bandeira nacional foi retirada e levada pela multidão. O governo brasileiro expressou confiança de que as autoridades congolesas tomarão as medidas necessárias para conter a crise.
Os protestos estão diretamente ligados ao avanço do M23, que, segundo a ONU, tomou o controle de Goma, a maior cidade do leste congolês, desde o dia 27 de janeiro. Os manifestantes acusam a comunidade internacional de omissão diante da escalada da violência na região.
O M23, um grupo armado formado predominantemente por combatentes da etnia tutsi, justifica suas ações como uma resposta à suposta marginalização da comunidade tutsi no exército e na administração do país. Desde 2022, o grupo tem intensificado suas ofensivas, alegando que o governo congolês não cumpriu um acordo de paz assinado em 2009.
Atualmente, o M23 controla uma parte significativa da província de Kivu do Norte, que faz fronteira com Ruanda. A ONU estima que mais de 3.500 soldados ruandeses estão lutando ao lado do M23 em Goma, exacerbando a crise humanitária na região.
O conflito já resultou em 17 mortes e mais de 400 feridos, de acordo com informações da Cruz Vermelha. A situação se agrava com a interrupção dos serviços essenciais, como água e eletricidade, e o bloqueio do acesso à internet desde o dia 27 de janeiro.
Na terça-feira, o tenente-general do Exército Brasileiro, Ulisses de Mesquita Gomes, foi designado como novo comandante da força de estabilização da ONU no Congo. Atualmente, 22 militares brasileiros estão envolvidos na missão, com cinco deles baseados em Goma.
A crise humanitária se intensifica, com milhares de pessoas fugindo de Goma em direção à fronteira com Ruanda. A ONU alerta que mais de 6 milhões de pessoas foram deslocadas na região devido aos conflitos que persistem há décadas.
Enquanto isso, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, manifestou em uma publicação no X a necessidade de um cessar-fogo, embora não tenha se comprometido a retirar suas tropas de Goma. A situação continua a ser monitorada por organizações internacionais, que pedem uma solução pacífica para o conflito.
A Comunidade da África Oriental, composta por oito países, está programada para realizar uma cúpula de emergência sobre a crise, com a expectativa de que líderes regionais busquem soluções para a escalada de violência no Congo.
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