Novo voo de deportados dos EUA está agendado para chegar a Belo Horizonte em fevereiro
O governo brasileiro busca diálogo com a administração Trump após queixas de maus-tratos a deportados.
As autoridades dos Estados Unidos comunicaram ao governo brasileiro que um novo voo com deportados está programado para desembarcar no Brasil no dia 7 de fevereiro. Este anúncio ocorre em meio a um clima de tensão, após denúncias de maus-tratos a um grupo de deportados que chegou ao país no último fim de semana, também em uma aeronave fretada pelos EUA.
O Itamaraty relatou que os deportados enfrentaram um “tratamento degradante” durante a deportação, sendo algemados nos pés e nas mãos ao longo da viagem. Embora o uso de algemas seja uma prática comum em voos de deportação organizados pelos EUA, os brasileiros relataram não apenas essa restrição, mas também agressões e dificuldades para acessar os banheiros.
Além disso, houve falhas técnicas na aeronave, que ficou períodos sem ar-condicionado, o que gerou ainda mais desconforto aos deportados.
Em resposta a essas queixas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja propor à administração de Donald Trump a criação de um grupo de trabalho destinado a discutir as deportações de brasileiros. A intenção é garantir que o transporte dos deportados ocorra com segurança e dignidade.
A proposta foi formulada durante uma reunião no Palácio do Planalto, onde o presidente Lula se encontrou com ministros e outras autoridades para abordar a crise das deportações.
Nos bastidores, membros do governo brasileiro afirmam que a estratégia será manter um diálogo respeitoso com as autoridades americanas, evitando uma escalada de tensões que poderia resultar em reações radicais da administração Trump, conhecida por sua postura rigorosa em relação à imigração.
Durante a mesma reunião, foi decidido que será montado um posto de acolhimento no Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais, para receber os deportados vindos dos EUA, embora os detalhes sobre o funcionamento dessa unidade ainda não tenham sido divulgados.
O chanceler Mauro Vieira destacou que o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, forneceu esclarecimentos ao Itamaraty sobre as circunstâncias do voo que trouxe 88 brasileiros de volta ao país.
Vale ressaltar que, apesar das negociações em andamento com o governo Trump, um documento da Defensoria Pública da União, datado de setembro de 2022, já havia registrado relatos de agressões a deportados brasileiros durante a gestão de Joe Biden.
Entre os casos mencionados, destaca-se o de uma criança brasileira que teria sido agredida por um guarda americano em um centro de detenção. Outro relato envolve uma mãe e sua filha menor, que foram separadas durante o processo de deportação, mesmo estando acompanhadas pela avó nos EUA.
O documento de 2022 também menciona que, horas antes do embarque, os homens brasileiros foram algemados de forma a conectar pés e mãos, permanecendo nessa condição durante todo o trajeto até Belo Horizonte. Alguns deportados relataram que essa situação se estendeu por até 12 horas, forçando-os a manter uma postura desconfortável, com as algemas sendo removidas apenas uma hora antes do pouso.
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