Acordo foi firmado após relatos de maus-tratos a deportados em voo do governo americano.
29 de Janeiro de 2025 às 20h35

Brasil e EUA formam grupo de trabalho para discutir deportações de brasileiros

Acordo foi firmado após relatos de maus-tratos a deportados em voo do governo americano.

A embaixada dos Estados Unidos no Brasil concordou em estabelecer um grupo de trabalho conjunto com o governo brasileiro para discutir a segurança e o tratamento digno de brasileiros deportados em voos futuros. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Ministério das Relações Exteriores, em postagens na rede social X.

A decisão foi tomada durante uma reunião realizada também nesta quarta-feira, conforme informou o Itamaraty, que não entrou em detalhes sobre a conversa. O ministério ressaltou que foi acordado o imediato estabelecimento de uma linha direta de comunicação entre os membros do grupo, visando o acompanhamento em tempo real dos voos de deportação.

A criação do grupo de trabalho foi uma das medidas determinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma reunião com seus ministros na tarde de terça-feira (28), no Palácio do Planalto. O encontro foi convocado após relatos de maus-tratos enfrentados por brasileiros deportados em um voo do governo americano que fez um pouso não programado em Manaus.

Além da formação do grupo, o governo brasileiro decidiu criar um posto de atendimento humanitário no aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. Esse espaço terá como objetivo oferecer suporte aos brasileiros deportados que retornam dos Estados Unidos, seguindo um modelo semelhante à “Operação Acolhida”, que foi implementada para receber venezuelanos que chegam ao Brasil pela fronteira em Pacaraima (RR).

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O governo brasileiro não busca confrontar a administração americana nem contestar a política de deportação em massa promovida pelo presidente Donald Trump, que assumiu o cargo em 20 de janeiro. O intuito, segundo o chanceler Mauro Vieira, é garantir que os brasileiros sejam trazidos de volta ao país em condições seguras, respeitando os direitos humanos e os acordos bilaterais existentes.

A abordagem escolhida para dialogar com os Estados Unidos é a diplomacia, que será conduzida diretamente a partir de Brasília. A embaixada brasileira em Washington, que está em processo de estabelecer contatos com autoridades americanas, ficará de fora das discussões iniciais, evitando desgastes neste começo de gestão de Trump.

Nos últimos dias, o governo brasileiro enfrentou uma situação delicada após a chegada de brasileiros deportados dos EUA, que foram trazidos ao país algemados e acorrentados. Os deportados relataram ter sofrido agressões durante o retorno ao Brasil, o que gerou um mal-estar significativo entre as autoridades brasileiras e a nova administração americana.

O Itamaraty enfatizou que a medida visa aprimorar a operacionalização dos voos de deportação e garantir que os deportados sejam tratados de forma digna e respeitosa. A criação do grupo de trabalho e a linha direta de comunicação são passos importantes para evitar novos incidentes e melhorar as condições dos brasileiros que retornam ao país.

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