Luciane Barbosa Farias, casada com líder do Comando Vermelho, foi condenada a 10 anos de prisão por crimes relacionados ao tráfico.
29 de Janeiro de 2025 às 20h51

Justiça do Amazonas decreta prisão de Luciane Barbosa, a Dama do Tráfico

Luciane Barbosa Farias, casada com líder do Comando Vermelho, foi condenada a 10 anos de prisão por crimes relacionados ao tráfico.

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou, na última quarta-feira (29), a prisão definitiva de Luciane Barbosa Farias, conhecida como a Dama do Tráfico. A decisão ocorre após a condenação de Luciane a 10 anos de reclusão por crimes de associação ao tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Luciane, que é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, uma das principais lideranças da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no Amazonas, já havia recorrido em liberdade até que seus recursos se esgotaram e o processo transitou em julgado. Com isso, seu nome foi incluído no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP).

A juíza Rosália Guimarães Sarmento, responsável pela decisão, destacou que, após a fase de conhecimento do processo criminal, a fase executiva da pena deve ser iniciada. “Uma vez encerrada a fase de conhecimento, em havendo condenação, inicia-se a fase executiva da pena”, afirmou a magistrada.

Luciane é apontada pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM) como o braço financeiro do Comando Vermelho, sendo responsável por ocultar e lavar valores provenientes do tráfico de drogas. Apesar de sua ficha criminal, ela foi recebida em 2023 por autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o que gerou controvérsia e questionamentos sobre a segurança nas reuniões.

“Luciane Barbosa Farias era a responsável por acobertar a ilicitude do tráfico, tornando o numerário deste com personificação lícita, ao efetuar compra de veículos, apartamentos e até mesmo abrindo empreendimento”, disse a desembargadora Vânia Marques Marinho, relatora do caso.

Além de sua atuação no tráfico, Luciane foi descrita como “comparsa” nas atividades criminosas, demonstrando “inteligência financeira” na organização. O MPAM alega que, enquanto se apresentava como esposa exemplar, ela exercia um papel fundamental na ocultação de valores, adquirindo bens de luxo e registrando empresas laranjas.

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Em resposta às acusações, Luciane afirmou que não é “faccionada” e que sua criminalização se deve ao fato de ser casada com um detento. Seu marido, Tio Patinhas, também enfrenta acusações de assassinatos e tentativas de homicídio no Amazonas.

As visitas de Luciane ao Ministério da Justiça foram reveladas em uma série de reportagens, que mostraram que ela esteve em Brasília em várias ocasiões, apresentando-se como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG que, segundo investigações, estaria ligada ao Comando Vermelho.

O então ministro da Justiça, Flávio Dino, negou ter recebido líderes de facções criminosas em seu gabinete, afirmando que a presença de Luciane em reuniões foi inesperada e que não havia como prever sua participação. A defesa de Luciane e de seu marido ainda não se manifestou sobre a decisão do TJAM.

O caso de Luciane Barbosa Farias levanta questões sobre a relação entre o tráfico de drogas e as instituições governamentais, especialmente em um contexto onde a segurança pública é uma preocupação crescente no Brasil.

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