Ministra da Segurança, Patricia Bullrich, menciona plano sem detalhes, em meio a polêmica com a Bolívia.
30 de Janeiro de 2025 às 10h59

Argentina planeja aumentar controle na fronteira com o Brasil sem comunicar governo Lula

Ministra da Segurança, Patricia Bullrich, menciona plano sem detalhes, em meio a polêmica com a Bolívia.

A Argentina anunciou a intenção de intensificar o controle na fronteira com o Brasil, em meio a uma polêmica relacionada à construção de uma cerca de arame na divisa com a Bolívia. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, fez a declaração em entrevistas a veículos locais, mas não forneceu detalhes específicos sobre o plano.

Durante uma coletiva de imprensa, Bullrich mencionou que a proposta abrange a província de Misiones, que faz fronteira com os estados brasileiros do sul. Ela destacou que a região tem enfrentado problemas graves, incluindo “assassinatos de aluguel e outras questões de segurança”.

A ministra, que é uma figura proeminente no governo do presidente Javier Milei, não informou se o governo brasileiro ou a Polícia Federal foram contatados a respeito das novas medidas de controle migratório. Fontes do governo Lula afirmaram que ainda não houve comunicação oficial sobre o assunto.

A construção da cerca na fronteira com a Bolívia, que se estenderá por 200 metros, foi justificada pelo governo argentino como uma ação necessária para combater o narcotráfico e o contrabando. A administração do presidente Luis Arce, da Bolívia, expressou preocupação com a medida, afirmando que questões fronteiriças devem ser discutidas em um diálogo bilateral.

Em nota, o governo boliviano enfatizou que “qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica” entre os países. A tensão na região aumentou após a Argentina iniciar a licitação para a construção da cerca, o que gerou críticas e questionamentos sobre a eficácia de tal ação.

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Historicamente, as zonas de fronteira na América do Sul têm sido desafiadoras, com problemas que incluem a regularização de imigrantes e a prestação de serviços de saúde. Recentemente, a província de Salta, na Argentina, havia implementado taxas para imigrantes sem documentos, o que gerou controvérsia.

O governo de Milei também está considerando uma reforma migratória que afetará estudantes estrangeiros, incluindo a possibilidade de cobrança de mensalidades em universidades públicas. Essa proposta é vista como parte de uma agenda mais ampla de restrição à imigração.

As relações entre Milei e Arce são tensas, com ambos os líderes trocando críticas publicamente. Milei, autodeclarado libertário, chegou a acusar o governo boliviano de tentar forjar um golpe contra ele para aumentar seu capital político.

Adrián Zigarín, interventor de Aguas Blancas, uma cidade na fronteira, comentou que a comparação da nova cerca com o muro de Donald Trump é inadequada. Ele defendeu que a cerca é uma medida simples para organizar a passagem no terminal de migrantes.

Enquanto isso, o governo brasileiro observa a situação com preocupação, considerando as declarações de Milei como “bravatas”. Fontes do Planalto expressaram dúvidas sobre a viabilidade financeira do plano, especialmente considerando a atual crise econômica na Argentina, que levou o país a adotar medidas emergenciais, como a impressão de placas de papel para veículos devido à falta de recursos.

As autoridades brasileiras afirmam que não têm informações sobre um aumento da criminalidade na região de Misiones, onde Bullrich mencionou a necessidade de mais controle. Contudo, a simples discussão sobre o aumento do controle na fronteira já gera apreensão no governo Lula, que defende uma política de acolhimento a imigrantes.

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