Com a alta da Selic, Brasil ultrapassa Argentina e atinge 9,18% de juro real, segundo economistas.
31 de Janeiro de 2025 às 13h32

Brasil se torna líder mundial em juro real após corte de taxa na Argentina

Com a alta da Selic, Brasil ultrapassa Argentina e atinge 9,18% de juro real, segundo economistas.

BRASÍLIA - O Brasil alcançou a maior taxa real de juros do mundo nesta sexta-feira, 30, após o Banco Central (BC) elevar a Selic em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa mudança ocorreu em um contexto em que a Argentina, anteriormente líder nesse ranking, anunciou um corte de 3 pontos percentuais em sua taxa de juros, reduzindo-a de 32% para 29%.

A decisão do BC argentino resultou em uma queda significativa na taxa real do país, que passou de 9,36% para 6,14%. Com isso, o Brasil, que já ocupava a segunda posição no ranking, agora se destaca com um juro real de 9,18%, superando a Argentina e a Rússia, que ocupa a terceira posição com 8,91%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, que se reuniu na quarta-feira, 29, sinalizou que poderá haver uma nova elevação da Selic na próxima reunião, programada para março. A expectativa é que a taxa possa chegar a 14,25% ao ano, com projeções do mercado indicando um possível pico de 15% até maio deste ano, conforme o relatório Focus.

Desde o início do ciclo de aperto monetário em setembro do ano passado, o BC já elevou a Selic quatro vezes, saindo de 10,5% para os atuais 13,25%. Essa trajetória de aumento visa conter a inflação, que, segundo o relatório Focus, teve suas previsões para 2025 ajustadas de 5,08% para 5,50%, ultrapassando o teto da meta estabelecida em 4,50%.

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O cenário inflacionário na Argentina também é preocupante, com o país encerrando 2024 com uma inflação anual de 117,8%. Apesar de ser uma desaceleração em relação aos 211,4% registrados em 2023, a situação ainda é crítica e impacta diretamente as decisões do Banco Central argentino.

Com a nova realidade econômica, o Brasil se posiciona como um dos países com as taxas de juros mais altas do mundo, refletindo uma estratégia de combate à inflação e estabilização econômica. O aumento da Selic é uma medida que visa não apenas controlar a inflação, mas também fortalecer a moeda nacional em um cenário global de incertezas econômicas.

A dinâmica entre as taxas de juros no Brasil e na Argentina ilustra a complexidade do cenário econômico na América do Sul. Enquanto o Brasil busca conter a inflação através do aumento das taxas, a Argentina tenta estimular sua economia com cortes, o que resulta em uma competição acirrada entre os dois países.

Os economistas alertam que a alta dos juros pode ter um impacto significativo sobre o crescimento econômico brasileiro, que já enfrenta desafios estruturais. A expectativa é que os próximos meses sejam cruciais para a definição das políticas monetárias e suas consequências para a economia.

O debate sobre a eficácia das políticas monetárias e suas repercussões na economia real continua a ser um tema central entre especialistas e autoridades financeiras. A interação entre as decisões do Banco Central brasileiro e a situação econômica da Argentina será observada de perto, uma vez que pode influenciar a dinâmica econômica regional.

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