Voos militares para repatriar imigrantes da Guatemala custam até US$ 4.675 por pessoa, segundo análise.
30 de Janeiro de 2025 às 16h37

Custos de deportações militares dos EUA superam cinco vezes o preço de primeira classe

Voos militares para repatriar imigrantes da Guatemala custam até US$ 4.675 por pessoa, segundo análise.

Na última segunda-feira, um voo militar C-17 dos Estados Unidos aterrissou na Guatemala, transportando 64 imigrantes deportados. O custo operacional desse voo foi estimado em US$ 28.500 por hora, totalizando aproximadamente US$ 300.000 para a viagem de ida e volta, que durou cerca de 10 horas e meia, conforme informações de um oficial ouvido pela agência de notícias Reuters.

O custo médio para cada imigrante deportado foi de US$ 4.685, um valor que supera em mais de cinco vezes o preço de uma passagem de primeira classe para o mesmo destino, que é de aproximadamente US$ 853 pela American Airlines, a partir de El Paso, Texas.

Esse voo é apenas um exemplo das operações de deportação em massa implementadas pelo governo do presidente Donald Trump, que tem adotado o uso de aeronaves militares como parte de sua política de imigração. Desde então, mais cinco voos foram realizados para a Guatemala, após a Colômbia recusar a permissão para o pouso de dois aviões militares americanos.

Os voos militares são uma alternativa mais cara em comparação aos fretamentos comerciais realizados pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), que anteriormente eram utilizados para deportar imigrantes ilegais. Em 2021, o custo médio de um voo fretado era de cerca de US$ 8.577 por hora, o que representa menos de um terço do custo das operações com os C-17.

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Trump, em declarações a legisladores republicanos, reafirmou a continuidade do uso de aeronaves militares para deportações, alertando que países que se recusarem a aceitar seus cidadãos enfrentarão consequências econômicas severas.

“Pela primeira vez na história, estamos localizando e carregando estrangeiros ilegais em aeronaves militares e levando-os de volta aos lugares de onde vieram”, afirmou Trump, recebendo aplausos durante sua fala.

Os voos militares foram lançados na semana passada como parte das medidas anti-imigração do presidente. Até o momento, seis aeronaves transportaram imigrantes de volta à América Latina, mas apenas quatro conseguiram pousar, todos na Guatemala, após a Colômbia optar por enviar suas próprias aeronaves para buscar os deportados.

Um dos voos, que transportou 88 brasileiros, enfrentou diversos problemas, incluindo relatos de passageiros algemados durante toda a viagem, agressões por parte dos agentes americanos, e falta de alimentação e acesso a banheiros, além de falhas técnicas que afetaram o funcionamento do ar-condicionado.

Na última terça-feira, após uma reunião com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou que as deportações de brasileiros devem ser realizadas “com os requisitos mínimos de dignidade humana”. Ele enfatizou que os cidadãos brasileiros não podem ser tratados de maneira desumana, como sendo algemados ou acorrentados em solo brasileiro.

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