Roubos em São Paulo atingem mínimo histórico, mas crimes violentos aumentam
Apesar da queda nos roubos e furtos, a violência cresce com latrocínios e estupros em 2024, segundo dados da SSP.
Os roubos no Estado de São Paulo alcançaram o menor nível desde o início da série histórica, em 2001. No ano passado, foram registrados 193,6 mil casos, uma redução de 15% em relação às 228 mil ocorrências de 2023. Os homicídios também atingiram a menor marca em 24 anos, consolidando uma tendência de queda.
Entretanto, o cenário não é totalmente positivo. Os casos de estupro aumentaram 0,45%, enquanto os latrocínios (roubos seguidos de morte) registraram uma alta de 1,8%, totalizando 170 vítimas em 2024, comparado a 167 no ano anterior. Na capital, o aumento de vítimas de roubos seguidos de morte foi ainda mais alarmante, com um crescimento de 23,2%, conforme os dados divulgados pela gestão do governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) atribui a redução dos roubos e furtos ao “fortalecimento das ações de policiamento e da integração das forças de segurança”. A pasta também destaca o uso de “inteligência policial, tecnologia e a ampliação do efetivo policial, com a inclusão de mais de 9 mil novos agentes”. Essas iniciativas, segundo a SSP, devem contribuir para a diminuição dos latrocínios.
Recentemente, dois latrocínios de grande repercussão ocorreram na capital. Um deles envolveu a morte de um jovem em Pinheiros, na zona sul, que foi assassinado ao lado do namorado por criminosos que buscavam roubar seus celulares. O outro caso foi o assassinato de um delegado na Chácara Santo Antônio, também na zona sul.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, reconheceu que os delitos violentos, como os latrocínios, afetam a percepção de insegurança na cidade. “Estamos reduzindo paulatinamente os crimes, mas só conseguiremos melhorar de maneira eficaz quando houver punibilidade no Brasil”, afirmou em setembro.
O ano de 2024 não apenas registrou o menor número de roubos na série histórica, como também foi o primeiro a contabilizar menos de 200 mil ocorrências desse tipo. Para efeito de comparação, em 2016, foram registradas 323,3 mil ocorrências.
Os furtos também apresentaram uma queda, embora menos acentuada. Foram 555,8 mil casos no último ano, uma redução de 3,5% em relação aos 576,2 mil registrados em 2023.
Na capital, a diminuição dos índices foi impulsionada pela significativa redução de roubos nos bairros centrais, que, após a pandemia, enfrentaram degradação e um aumento no número de usuários de drogas na Cracolândia, na região central.
Os homicídios caíram 3,5%, passando de 2,7 mil para 2,6 mil. Este é o menor número da série histórica e está bem abaixo dos índices registrados no final da década passada, quando a violência aumentou devido a confrontos entre facções criminosas.
Em novembro, o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, foi assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ele era delator em uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). O ataque também resultou na morte do motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, que foi atingido por um tiro de fuzil.
Nesta quinta-feira, a Corregedoria da Polícia Militar indiciou dez PMs suspeitos de envolvimento no assassinato de Gritzbach, conforme as investigações que apontam ligação com o crime organizado.
Entre as 170 vítimas de latrocínio registradas no ano passado, quase um terço (53) foram mortas na capital. Embora os casos variem, as autoridades indicam que o latrocínio se tornou mais comum em roubos de motos, onde os criminosos costumam agir armados, além de ocorrerem casos de roubo a pedestres e invasões de residências.
Delegados ouvidos afirmam que as vias próximas ao início das rodovias Imigrantes e Bandeirantes são áreas de alerta para esses crimes.
Recentemente, a Polícia Civil prendeu um homem considerado o principal suspeito de ter assassinado o delegado Josenildo Belarmino de Moura, de 32 anos, durante um assalto no dia 14. Moura estava de folga e foi alvejado enquanto caminhava pela Chácara Santo Antônio.
Em setembro, o delegado Mauro Guimarães Soares, de 59 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto na Vila Romana, zona oeste da capital. Ele foi abordado enquanto caminhava com sua esposa, também delegada.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o caso está sendo investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que já relatou o inquérito à Justiça após a prisão de três suspeitos de envolvimento no crime.
Em relação aos estupros, as ocorrências aumentaram 0,45%, passando de 14.514 em 2023 para 14.579 em 2024, atingindo o maior patamar da série histórica. Os feminicídios também alcançaram um recorde, com 250 casos registrados no último ano, uma alta de 13,1% em relação aos 221 casos de 2023.
A SSP informou que, no combate aos crimes sexuais, as forças de segurança têm trabalhado não apenas na investigação e prisão dos autores, mas também incentivando a denúncia e a redução da subnotificação. A secretaria ampliou os canais de denúncia e expandiu em 87% o atendimento nas Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), que agora contam com 69 novas salas de plantão 24 horas, além das 141 DDMs em todo o Estado.
“Além das unidades físicas, o Estado investe em tecnologia para ampliar a proteção. A SSP mantém a Cabine Lilás da PM para atendimento exclusivo às vítimas de violência doméstica e o aplicativo SP Mulher Segura, que já ultrapassou cinco mil downloads, oferecendo um botão de pânico para ajuda imediata e permitindo o registro de boletins de ocorrência”, informou a pasta.
O monitoramento de agressores por tornozeleira eletrônica também foi ampliado em 56,6%, reforçando a segurança das vítimas. Esses esforços resultaram em um aumento das prisões em flagrante por feminicídio, que chegaram a 125 em 2024, um crescimento de 34,4% em relação ao ano anterior.
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