A Justiça do Rio de Janeiro inicia o julgamento de seis réus envolvidos na contaminação de órgãos para transplante com HIV.
24 de Fevereiro de 2025 às 19h23

Julgamento de laboratório acusado de infectar pacientes com HIV no Rio começa hoje

A Justiça do Rio de Janeiro inicia o julgamento de seis réus envolvidos na contaminação de órgãos para transplante com HIV.

A Justiça do Rio de Janeiro deu início, nesta segunda-feira (24), ao julgamento de um caso que chocou a sociedade em relação à segurança dos transplantes de órgãos. O processo envolve o laboratório PCS Labs Saleme, que é acusado de ter liberado órgãos contaminados com o vírus HIV para transplante, resultando na infecção de seis pacientes.

O caso veio à tona em outubro de 2024, quando a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro começou a investigar a infecção de pacientes que receberam rins, fígado, coração e córneas de doadores que, segundo laudos do laboratório, não apresentavam o vírus HIV. No entanto, exames posteriores revelaram a presença do vírus nos órgãos transplantados.

Durante a audiência de instrução, realizada na 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou testemunhas e provas que indicam que os réus, entre eles Walter Vieira e Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, tinham pleno conhecimento da gravidade da situação. Eles são acusados de associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica.

Os réus também incluem Ivanilson Fernandes dos Santos, Cleber de Oliveira Santos, Jacqueline Iris Barcellar de Assis e Adriana Vargas dos Anjos, sendo que Jacqueline é apontada como responsável por assinar laudos fraudulentos que atestavam a segurança dos órgãos.

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A investigação revelou que o laboratório PCS Labs Saleme, que mantinha contratos milionários com o governo estadual, não possuía alvará e licença sanitária adequados para operar. Durante uma inspeção, a Vigilância Sanitária encontrou 39 irregularidades, incluindo condições insalubres nas instalações.

O escândalo gerou uma onda de indignação entre os cidadãos e levantou sérias preocupações sobre a segurança dos procedimentos de doação de órgãos no estado. A falha na triagem dos doadores não apenas comprometeu a saúde dos pacientes transplantados, mas também abalou a confiança no sistema de saúde pública.

Os réus foram denunciados pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, e o julgamento ainda não tem data para ser concluído. Após a coleta de depoimentos, os réus serão interrogados, mas a expectativa é que o processo judicial se arraste por um período prolongado.

O caso destaca a importância de rigorosos protocolos de segurança na triagem de órgãos para transplante, uma vez que a contaminação pode ter consequências devastadoras para a saúde dos receptores. A sociedade aguarda ansiosamente por um desfecho que traga justiça às vítimas dessa grave negligência.

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