O HKU5-CoV-2, descoberto em morcegos, pode representar risco de transmissão semelhante ao SARS-CoV-2.
22 de Fevereiro de 2025 às 16h39

Cientistas chineses identificam novo coronavírus com potencial de infectar humanos

O HKU5-CoV-2, descoberto em morcegos, pode representar risco de transmissão semelhante ao SARS-CoV-2.

Cientistas do Instituto de Virologia de Wuhan e do Laboratório de Guangzhou, na China, identificaram um novo tipo de coronavírus, denominado HKU5-CoV-2, que possui potencial para infectar humanos. Essa descoberta foi publicada na última terça-feira, 18, nas revistas científicas Cell e Nature.

O HKU5-CoV-2 foi encontrado em morcegos-anões, uma espécie que habita regiões da Europa, Ásia e Norte da África. A virologista Shi Zhengli, que já atuou no Instituto de Wuhan durante a pandemia de Covid-19, liderou a equipe responsável pela pesquisa.

Esse novo coronavírus utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) para entrar nas células humanas, um mecanismo que é semelhante ao utilizado pelo SARS-CoV-2, o vírus responsável pela pandemia de Covid-19. A ECA-2, que está presente principalmente nos pulmões, coração e intestinos, atua como uma “chave” que permite a infecção celular.

O HKU5-CoV-2 pertence ao subgênero Merbecovirus, que inclui outros coronavírus que infectam mamíferos, como o SARS-CoV-2 e o MERS-CoV, causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio. Embora o novo coronavírus ainda não tenha sido detectado em humanos, testes realizados pelo Laboratório de Guangzhou indicaram que ele pode infectar tecidos pulmonares e intestinais cultivados com células humanas.

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Os autores do estudo ressaltam que, apesar das evidências laboratoriais, os riscos de disseminação do HKU5-CoV-2 entre humanos e animais precisam ser cuidadosamente investigados. O estudo alerta que a capacidade do novo coronavírus de infectar células humanas foi confirmada, o que aumenta a preocupação sobre possíveis transmissões entre espécies.

Além disso, a pesquisa enfatiza a importância de um monitoramento contínuo dos coronavírus presentes em animais silvestres, especialmente em morcegos, para prevenir potenciais surtos futuros e entender melhor os riscos que esses vírus representam para a saúde pública global.

O infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp, comentou sobre a descoberta, afirmando que o HKU5-CoV-2 ainda não se liga às células humanas com a mesma eficiência que o SARS-CoV-2, mas já demonstrou a capacidade de infectar células humanas em laboratório. Ele alerta que, com o tempo, o vírus pode evoluir e aumentar sua capacidade de transmissão para os humanos.

Os especialistas também destacam que as vacinas desenvolvidas para combater a Covid-19 podem não ter eficácia contra o HKU5-CoV-2, uma vez que essa nova linhagem é considerada completamente diferente dos coronavírus anteriormente identificados. Portanto, a vigilância genômica contínua é fundamental para monitorar a evolução dos vírus respiratórios em animais e prevenir futuras pandemias.

Com a recente descoberta do HKU5-CoV-2, a comunidade científica reitera a necessidade de um sistema de alerta precoce para novas doenças e a importância de fortalecer a cooperação internacional na vigilância de patógenos emergentes.

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