Brahim Aouissaoui, responsável pela morte de Simone Barreto e outras duas vítimas, foi condenado à pena máxima sem possibilidade de redução.
26 de Fevereiro de 2025 às 23h08

Justiça francesa pede prisão perpétua para terrorista que matou brasileira em Nice

Brahim Aouissaoui, responsável pela morte de Simone Barreto e outras duas vítimas, foi condenado à pena máxima sem possibilidade de redução.

O tribunal especial de Paris decidiu nesta quarta-feira (26) pela condenação de Brahim Aouissaoui à prisão perpétua sem possibilidade de redução de pena, a sanção mais severa prevista no Código Penal francês. O tunisiano, de 25 anos, foi considerado culpado pelos assassinatos de três pessoas, incluindo a brasileira Simone Barreto Silva, durante um atentado na Basílica de Nice em 29 de outubro de 2020.

Aouissaoui foi acusado de utilizar uma faca de cozinha para cometer os crimes, que resultaram na morte de Nadine Devillers, de 60 anos, e do sacristão Vincent Loquès, de 54 anos, além de Simone, que sofreu 25 facadas. Durante o julgamento, os representantes da Procuradoria Nacional Antiterrorismo (PNAT) ressaltaram a “selvageria inacreditável” do ato, destacando a periculosidade contínua do acusado, que, segundo eles, permanece “preso ao seu fanatismo totalitário e bárbaro”.

O advogado Régis Bergonzi, que representa as famílias das vítimas, afirmou que este é um momento histórico, já que é a primeira vez que o Ministério Público solicita uma prisão perpétua sem possibilidade de redução de pena em um caso de terrorismo. Ele destacou que “a decisão foi tomada sem ódio, com reflexão”, e enfatizou a necessidade de garantir que Aouissaoui nunca mais possa ser libertado.

Durante a audiência, Aouissaoui demonstrou comportamento agressivo e desrespeitoso, gritando em árabe que “não é terrorismo”, o que levou seu advogado a intervir para que ele se calasse. Os magistrados, por sua vez, afirmaram que a intenção de matar do réu era clara e que sua ação não pode ser considerada um ataque de loucura.

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O ataque à Basílica de Nice foi parte de uma série de atos violentos que ocorreram na França, relacionados a uma onda de radicalização e ao debate sobre liberdade de expressão, especialmente após a republicação de caricaturas do profeta Maomé pelo jornal Charlie Hebdo. Os advogados da acusação argumentaram que Aouissaoui agiu motivado por uma “ódio intacto” contra o Ocidente, que se manifestou em sua ideologia jihadista.

Os magistrados enfatizaram que a pena imposta deve ser proporcional à gravidade dos atos cometidos. “A sua determinação inabalável de matar não pode ser contestada”, afirmaram, lembrando que o jovem tunisiano já era considerado uma “bomba humana” antes de deixar a Tunísia. Após o ataque, ele não demonstrou remorso, o que foi destacado pela defesa como um indicativo de sua radicalização.

O caso gerou grande comoção na França e em outros países, especialmente entre as comunidades que perderam entes queridos no atentado. O prefeito de Nice, Christian Estrosi, esteve presente durante a leitura do veredicto, sublinhando a importância da justiça em um momento tão delicado.

O processo foi marcado por intensas discussões sobre terrorismo, liberdade de expressão e a segurança pública na França, que continua a enfrentar desafios relacionados à radicalização e à violência extremista.

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