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Possível retirada dos EUA do FMI e do Banco Mundial gera preocupações globais
A ausência do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nas reuniões do G20 acende temores sobre o futuro das instituições financeiras.
A possibilidade de os Estados Unidos se retirarem de instituições financeiras globais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, está causando crescente preocupação entre economistas e líderes mundiais. A ausência do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nas recentes reuniões do G20 intensificou esses temores, levando a questionamentos sobre o futuro do apoio americano a esses organismos.
O que são o FMI e o Banco Mundial?
O FMI e o Banco Mundial foram criados após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a integração econômica global e prevenir futuros conflitos. O FMI atua como um credor de última instância, oferecendo assistência financeira a países em dificuldades, como foi o caso da Grécia durante sua crise financeira e da Argentina em suas sucessivas inadimplências.
O Banco Mundial, por sua vez, fornece empréstimos a taxas reduzidas para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento, desde ferrovias até iniciativas de energia renovável. Ambas as instituições desempenham papéis cruciais na formulação de políticas econômicas e na manutenção da confiança dos investidores em nível global.
Quem depende do FMI?
Vários países em desenvolvimento dependem fortemente do FMI para garantir sua estabilidade financeira. Por exemplo, a Argentina utiliza recursos do FMI para pagar seus funcionários públicos, enquanto nações como Senegal e Sri Lanka também contam com programas de apoio financeiro da instituição.
Além disso, a presença de um programa do FMI é vista como um sinal de estabilidade pelos investidores. Yerlan Syzdykov, chefe de mercados emergentes da Amundi, uma das maiores gestoras de ativos da Europa, afirmou: “O FMI tem sido, por muito tempo, um âncora especificamente para investidores em dívida.”
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O que acontece se os EUA se retirarem?
A retirada dos Estados Unidos do FMI e do Banco Mundial seria um evento de proporções globais, uma vez que o país detém a maior participação de votação em ambas as instituições. Essa influência permite que Washington molde políticas econômicas que afetam o mundo todo.
Kaan Nazli, gerente de portfólio de dívida de mercados emergentes da Neuberger Berman, declarou: “Se os EUA se retirarem, será um desastre.” A saída dos EUA deixaria um vácuo de liderança, permitindo que países como a China ampliassem sua influência nas instituições financeiras globais.
A China, que já busca um papel maior na governança financeira global, poderia aumentar sua participação no FMI e no Banco Mundial, o que alteraria significativamente o equilíbrio de poder. Além disso, a retirada dos EUA poderia comprometer as classificações de crédito das instituições, dificultando a obtenção de empréstimos a taxas de juros acessíveis.
O mundo em desenvolvimento aceita o FMI?
Embora o FMI desempenhe um papel fundamental na economia global, suas exigências de reformas econômicas frequentemente geram resistência. Em muitos casos, as condições impostas pelo FMI, como cortes em subsídios e aumento de impostos, provocam protestos populares. No entanto, apenas alguns países, como Cuba, Coreia do Norte e Taiwan, optam por não serem membros do FMI.
À medida que as especulações sobre o compromisso dos EUA continuam, fica claro que uma retirada americana não apenas abalaria as fundações das finanças globais, mas também ofereceria à China uma oportunidade de remodelar o sistema a seu favor.
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