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Presidente do Panamá afirma que não vê ameaça ao tratado do canal após reunião com EUA
Josué Raul Mulino reafirma soberania do Panamá sobre o canal em coletiva após encontro com Marco Rubio.
O presidente do Panamá, Josué Raul Mulino, declarou neste domingo (2) que não percebe uma "ameaça real" aos tratados que garantem a soberania do país sobre o Canal do Panamá. A afirmação foi feita durante uma coletiva de imprensa, após uma reunião com Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos.
Mulino destacou que a reunião foi cordial e que não houve clima de tensão, mesmo diante das recentes advertências dos EUA sobre a necessidade de mudanças na administração do canal. O presidente panamenho afirmou: “Não sinto que haja, neste momento, nenhuma ameaça real contra o tratado, sua vigência e muito menos o uso de força militar para tomar o canal.”
O alerta feito por Rubio, que é um dos principais diplomatas do governo de Donald Trump, indicou que os Estados Unidos poderiam tomar "medidas necessárias" caso o Panamá não implementasse "mudanças imediatas" em sua gestão do canal. O secretário de Estado expressou preocupação com a influência da China na região, que, segundo ele, poderia representar uma violação dos tratados que regulam o funcionamento do canal.
Durante a coletiva, Mulino também mencionou que o Panamá está aberto a discussões técnicas para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a suposta presença chinesa no canal. “Abrimos a possibilidade para que nossas equipes técnicas esclareçam o que precisa ser esclarecido”, afirmou.
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O presidente do Panamá reiterou que a soberania sobre o canal, inaugurado em 1914 e sob controle panamenho desde 1999, não está em debate. Ele enfatizou que a hidrovia interoceânica é operada pelo Panamá e continuará assim, desconsiderando quaisquer especulações sobre uma possível retomada do controle por parte dos EUA.
Além das questões relacionadas ao canal, a imigração ilegal também foi um tópico abordado na reunião entre Mulino e Rubio. O presidente panamenho afirmou que a situação atual da imigração no país é calma, mas alertou que pode haver um aumento no fluxo de imigrantes. Ele propôs que o acordo de imigração com os EUA seja ampliado para incluir a repatriação de cidadãos de outros países que estejam no Panamá.
A visita de Marco Rubio ao Panamá faz parte de sua primeira viagem internacional como secretário de Estado, que também inclui paradas em outros países da América Central, como El Salvador e Costa Rica. A viagem visa fortalecer os laços diplomáticos e abordar questões de segurança e imigração na região.
Mulino, que assumiu a presidência em 2020, tem buscado manter uma relação equilibrada com os Estados Unidos, enquanto navega as complexidades da influência chinesa na América Latina. O canal do Panamá é uma rota vital para o comércio global, com aproximadamente 3% do comércio mundial transitando por suas águas.
Com a crescente tensão entre os EUA e a China, a situação no Panamá continua a ser um ponto focal nas discussões sobre segurança regional e soberania. O presidente Mulino, ao reafirmar a posição do Panamá, busca garantir que o país continue a ser um ator independente nas relações internacionais.
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