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Panamá cancela acordo da Nova Rota da Seda com a China após pressões dos EUA
Decisão do presidente José Raúl Mulino ocorre após visita do secretário de Estado americano, Marco Rubio.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira (6) o cancelamento do acordo econômico da Nova Rota da Seda com a China, uma decisão que surge em meio a intensas pressões do governo dos Estados Unidos para reduzir a influência chinesa no Canal do Panamá, uma das principais rotas comerciais do mundo.
Mulino informou que a embaixada panamenha em Pequim apresentou o documento necessário para formalizar o cancelamento, que deve ocorrer com 90 dias de antecedência, conforme estipulado no acordo. Em coletiva de imprensa, ele enfatizou: “Essa é uma decisão que tomei”.
O anúncio do cancelamento acontece apenas quatro dias após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao Panamá. Durante a visita, Rubio abordou a preocupação de Washington com a crescente influência da China na região, especialmente no que diz respeito ao Canal do Panamá, que é vital para o comércio global.
A Nova Rota da Seda, também conhecida como Iniciativa do Cinturão e Rota, é um ambicioso projeto lançado pela China em 2013, que visa financiar obras e investimentos em infraestrutura em diversos países, incluindo na América Latina. O programa tem sido objeto de críticas, com muitos argumentando que ele pode levar os países a uma dependência econômica da China.
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Mulino, que assumiu a presidência do Panamá em 2024, questionou os benefícios que o país obteve com a iniciativa, dizendo: “O que isso trouxe para o Panamá em todos estes anos? Quais são as grandes coisas? O que essa ‘Belt and Road Initiative’ trouxe para o país?”
Após a reunião com Rubio, o presidente panamenho já havia indicado que não renovaria o acordo assinado em 2017 pelo então presidente Juan Carlos Varela. O contrato, que previa a renovação automática a cada três anos, poderia ser rescindido por qualquer uma das partes mediante notificação prévia.
Os Estados Unidos veem a Nova Rota da Seda como uma estratégia da China para expandir sua influência global e consideram que isso representa um risco à segurança. Na segunda-feira, Rubio qualificou a decisão do Panamá de não renovar o acordo como um “grande passo” para fortalecer as relações entre o país e Washington.
Enquanto isso, a China, por meio de seu porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, declarou que a cooperação com o Panamá no âmbito da Nova Rota da Seda estava se desenvolvendo normalmente e que esperava que o país resistisse a “interferências externas”.
A decisão do Panamá de cancelar o acordo é vista como um reflexo das crescentes tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China, especialmente em regiões estratégicas como a América Latina.
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