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Argentina anuncia saída da OMS, seguindo exemplo dos Estados Unidos
Decisão foi confirmada pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em coletiva na Casa Rosada.
O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira, 5, a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão foi divulgada pelo porta-voz do presidente Javier Milei, Manuel Adorni, durante uma coletiva de imprensa na Casa Rosada, em Buenos Aires.
Adorni afirmou que a saída da OMS se baseia em “profundas diferenças” em relação à gestão da saúde, especialmente durante a pandemia de Covid-19. O porta-voz destacou que o governo argentino não permitirá que organismos internacionais interfiram na soberania nacional, particularmente em questões de saúde pública.
O presidente Javier Milei, que assumiu o cargo em dezembro de 2023, é conhecido por suas posturas liberais e por sua aproximação com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A decisão da Argentina segue a linha adotada por Trump, que retirou os Estados Unidos da OMS logo após sua posse em janeiro de 2021, alegando que a organização havia falhado em sua gestão durante a pandemia.
Durante a coletiva, Adorni enfatizou que “os argentinos não vão permitir que uma organização internacional interfira em nossa soberania, ainda mais em nossa saúde”. Ele acrescentou que a decisão de deixar a OMS também permitirá ao país maior flexibilidade para implementar políticas adaptadas às necessidades locais.
A saída da OMS representa um movimento significativo na política externa da Argentina, que já havia demonstrado resistência a compromissos internacionais, como evidenciado pela recusa em assinar o tratado global de pandemias proposto pela organização em julho passado. Na ocasião, o governo argentino declarou que não assinaria nenhum acordo que pudesse comprometer a soberania nacional.
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Fontes do governo indicaram que a contribuição da Argentina à OMS, que gira em torno de US$ 10 milhões anuais, será uma economia significativa, especialmente em um contexto de austeridade fiscal. A administração de Milei tem se concentrado em cortar gastos públicos e manter um déficit orçamentário zero, o que tem gerado controvérsias e críticas sobre o impacto social de suas políticas.
O porta-voz também mencionou que a decisão de retirar o país da OMS está alinhada com a postura de Milei em relação a outras organizações internacionais, sugerindo que o governo está avaliando a possibilidade de desvinculações adicionais, como a retirada do Acordo de Paris, que aborda questões climáticas.
A OMS, por sua vez, já expressou preocupação com o impacto da saída de membros significativos como os Estados Unidos e a Argentina, que, apesar de sua contribuição financeira menor, é um sinal de uma tendência preocupante em relação à cooperação internacional em saúde.
Com essa decisão, a Argentina se junta a uma lista crescente de países que estão reavaliando sua participação em organismos internacionais, levantando questões sobre o futuro da colaboração global em saúde pública e a resposta a emergências sanitárias.
A retirada da Argentina da OMS pode ter implicações não apenas para a saúde pública no país, mas também para a dinâmica da saúde global, especialmente em um momento em que a cooperação internacional é crucial para enfrentar pandemias e outras crises de saúde.
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