Decisão foi confirmada pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em coletiva na Casa Rosada.
05 de Fevereiro de 2025 às 20h05

Argentina anuncia saída da OMS, seguindo exemplo dos Estados Unidos

Decisão foi confirmada pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em coletiva na Casa Rosada.

O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira, 5, a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão foi divulgada pelo porta-voz do presidente Javier Milei, Manuel Adorni, durante uma coletiva de imprensa na Casa Rosada, em Buenos Aires.

Adorni afirmou que a saída da OMS se baseia em “profundas diferenças” em relação à gestão da saúde, especialmente durante a pandemia de Covid-19. O porta-voz destacou que o governo argentino não permitirá que organismos internacionais interfiram na soberania nacional, particularmente em questões de saúde pública.

O presidente Javier Milei, que assumiu o cargo em dezembro de 2023, é conhecido por suas posturas liberais e por sua aproximação com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A decisão da Argentina segue a linha adotada por Trump, que retirou os Estados Unidos da OMS logo após sua posse em janeiro de 2021, alegando que a organização havia falhado em sua gestão durante a pandemia.

Durante a coletiva, Adorni enfatizou que “os argentinos não vão permitir que uma organização internacional interfira em nossa soberania, ainda mais em nossa saúde”. Ele acrescentou que a decisão de deixar a OMS também permitirá ao país maior flexibilidade para implementar políticas adaptadas às necessidades locais.

A saída da OMS representa um movimento significativo na política externa da Argentina, que já havia demonstrado resistência a compromissos internacionais, como evidenciado pela recusa em assinar o tratado global de pandemias proposto pela organização em julho passado. Na ocasião, o governo argentino declarou que não assinaria nenhum acordo que pudesse comprometer a soberania nacional.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Fontes do governo indicaram que a contribuição da Argentina à OMS, que gira em torno de US$ 10 milhões anuais, será uma economia significativa, especialmente em um contexto de austeridade fiscal. A administração de Milei tem se concentrado em cortar gastos públicos e manter um déficit orçamentário zero, o que tem gerado controvérsias e críticas sobre o impacto social de suas políticas.

O porta-voz também mencionou que a decisão de retirar o país da OMS está alinhada com a postura de Milei em relação a outras organizações internacionais, sugerindo que o governo está avaliando a possibilidade de desvinculações adicionais, como a retirada do Acordo de Paris, que aborda questões climáticas.

A OMS, por sua vez, já expressou preocupação com o impacto da saída de membros significativos como os Estados Unidos e a Argentina, que, apesar de sua contribuição financeira menor, é um sinal de uma tendência preocupante em relação à cooperação internacional em saúde.

Com essa decisão, a Argentina se junta a uma lista crescente de países que estão reavaliando sua participação em organismos internacionais, levantando questões sobre o futuro da colaboração global em saúde pública e a resposta a emergências sanitárias.

A retirada da Argentina da OMS pode ter implicações não apenas para a saúde pública no país, mas também para a dinâmica da saúde global, especialmente em um momento em que a cooperação internacional é crucial para enfrentar pandemias e outras crises de saúde.

Veja também:

Tópicos: