Bancada do Republicanos se opõe à federação, citando disputas locais e interesses regionais.
06 de Fevereiro de 2025 às 08h50

Republicanos decide não formar federação com PP e União Brasil em reunião decisiva

Bancada do Republicanos se opõe à federação, citando disputas locais e interesses regionais.

A bancada do Republicanos na Câmara dos Deputados decidiu, em reunião realizada nesta terça-feira, 4, não formar uma federação com o PP e o União Brasil. A proposta foi amplamente rejeitada, com 39 dos 40 deputados presentes votando contra a aliança, que visava criar um bloco com mais de 150 deputados e 17 senadores, capaz de rivalizar com as grandes bancadas do PT e do PL.

A reunião, que contou com a presença do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do presidente do partido, Marcos Pereira (SP), teve como foco a definição da nova liderança da bancada, mas rapidamente se voltou para a questão da federação. A resistência à proposta foi atribuída a disputas locais entre líderes partidários, que temem perder espaço político e controle sobre diretórios em suas regiões.

O deputado Lafayette Andrada (Republicanos-MG) destacou que cerca de 90% da bancada se opôs à união temporária com as outras siglas, enfatizando que a federação exigiria uma colaboração contínua durante os próximos quatro anos, o que não agradou à maioria dos parlamentares. “Fica muito difícil ir contra a ampla maioria”, afirmou Marcos Pereira, referindo-se à forte oposição interna.

Os líderes do PP e do União Brasil, Antonio Rueda e ACM Neto, respectivamente, ainda acreditam na possibilidade de convencer os deputados do Republicanos a reconsiderar a federação. No entanto, as divisões locais e os interesses conflitantes entre os partidos dificultam essa negociação. Em estados como Pernambuco, por exemplo, há líderes de peso em cada partido, o que torna a convivência e a liderança conjunta uma tarefa complexa.

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Desde 2017, as coligações foram extintas nas eleições proporcionais, mas a legislação ainda permite que partidos se unam em torno de uma única candidatura nas disputas majoritárias. Com a criação das federações em 2022, os partidos podem se unir para concorrer a qualquer cargo, desde que mantenham essa aliança durante todo o mandato.

A principal diferença entre as federações e as coligações é o caráter permanente das primeiras, que exigem que os partidos atuem juntos por um período mais longo, enquanto as coligações podem ser desfeitas após as eleições. Atualmente, existem três federações partidárias registradas: PT-PCdoB-PV, Rede-PSOL e PSDB-Cidadania.

A decisão do Republicanos de não se unir ao PP e ao União Brasil representa um revés para as lideranças que buscavam consolidar uma força política significativa no Congresso. A proposta de federação, que estava sendo discutida desde o ano passado, agora parece distante, com as conversas entre o PP e o União Brasil se concentrando sem a participação do Republicanos.

Interlocutores de ambos os partidos acreditam que a resistência do Republicanos torna a federação inviável no momento, e a expectativa é que as negociações futuras se desenrolem entre as duas siglas restantes, sem a inclusão do Republicanos no cenário imediato.

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