Idosos perdem a visão após cirurgia de catarata em mutirão em Taquaritinga

Doze idosos perderam parcialmente ou totalmente a visão após participarem de um mutirão de cirurgia de catarata realizado em 21 de outubro do ano passado, no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taquaritinga, município localizado a cerca de 300 km da capital paulista.

Entre os afetados, está Benedito Donizete, um soldador aposentado de 63 anos, que relata ter saído da cirurgia com “muita dor e vista embaçada”. Ele afirma que, desde então, não conseguiu recuperar a visão do olho direito. “Saí com muita dor, vista embaçada, e estou assim até hoje”, disse.

Após a cirurgia, Donizete buscou atendimento no AME, onde o procedimento foi realizado, para relatar o desconforto pós-operatório. No entanto, o médico que o atendeu minimizou suas queixas, afirmando que o embaçamento era “normal” e que a recuperação poderia levar até três meses. “Toda semana eu ia lá. O médico disse que levava três meses para melhorar”, comentou.

Um mês após a cirurgia, os médicos convocaram uma reunião com os doze idosos afetados para discutir as queixas. Durante o encontro, foi informado que não havia certeza se a perda de visão era resultado da cirurgia ou de medicamentos utilizados. O soldador relatou que a equipe médica sugeriu que os pacientes fossem transferidos para Araraquara, onde haveria mais estrutura para atendê-los, incluindo a possibilidade de transplante de córnea.

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A Secretaria de Saúde de Taquaritinga confirmou que foram identificadas irregularidades na sala de materiais para esterilização do AME, conforme informações divulgadas à emissora EPTV. A vigilância sanitária estadual interditou o local e a secretária executiva da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Priscilla Perdicaris, classificou o incidente como “fato isolado gravíssimo”, anunciando a abertura de uma investigação para apurar as causas da situação.

A cirurgia de catarata é um dos procedimentos mais comuns entre idosos e, quando realizada em condições adequadas, pode restaurar a visão de forma eficaz. O oftalmologista Oswaldo Ferreira Moura Brasil, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, ressaltou que, apesar de ser um procedimento seguro, é essencial que seja realizado em um ambiente apropriado e por profissionais qualificados.

“É uma cirurgia extremamente segura, mas, como toda cirurgia, deve ser feita em condições adequadas. Complicações podem ocorrer, embora sejam raras, especialmente aquelas que levam à perda da visão”, explicou o médico.

Entre as complicações mais graves está a infecção ocular severa, que pode ser causada pela contaminação do material cirúrgico. “A bactéria se prolifera dentro do olho e causa um quadro inflamatório intenso. Quando detectado precocemente, esse quadro pode ser tratado com injeção de antibiótico ou, em alguns casos, uma nova cirurgia chamada vitrectomia”, detalhou Moura Brasil, que enfatizou não ter informações suficientes sobre o caso específico de Taquaritinga.

Em situações em que a córnea é comprometida pela infecção, pode ser necessário um transplante. “Isso ocorre quando a córnea fica comprometida, mas o restante do olho está saudável. Podemos comparar a córnea ao vidro de um relógio: se o vidro está opaco, ele pode ser trocado, preservando o funcionamento interno”, concluiu o oftalmologista, ressaltando a importância de um diagnóstico precoce e tratamento adequado para evitar danos irreversíveis.