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Equador vai às urnas neste domingo em meio a clima de violência e polarização política
Cerca de 14 milhões de eleitores escolhem novo presidente em um cenário marcado por disputas acirradas e aumento da criminalidade.
O Equador se prepara para um momento decisivo neste domingo, 9, quando cerca de 14 milhões de eleitores irão às urnas para escolher o novo presidente da República. A eleição ocorre em um contexto de crescente violência, com a taxa de homicídios no país saltando de 6 para 38 por 100 mil habitantes entre 2018 e 2024, refletindo a intensa disputa entre grupos criminosos pelo controle do narcotráfico.
Entre os 16 candidatos ao cargo, dois se destacam: o atual presidente Daniel Noboa, que busca a reeleição pelo Movimento Ação Democrática Nacional, e Luisa González, representante da esquerda e do Movimento Revolução Cidadã, partido do ex-presidente Rafael Correa, que governou o país de 2007 a 2017.
Para que a eleição seja decidida em um único turno, um dos candidatos precisa obter mais de 50% dos votos válidos ou 40% com uma diferença de pelo menos 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Caso contrário, um segundo turno será realizado em 13 de abril.
A crescente violência tem sido um tema central na campanha, com Noboa adotando uma postura de linha-dura contra o crime, enquanto González promete uma abordagem mais voltada para a construção da paz. “É urgente que mudemos o país, não com declarações de guerra, que não vão levar a lugar nenhum, e sim construindo a paz”, afirmou a candidata em entrevista.
As campanhas eleitorais têm sido marcadas por um forte aparato de segurança, especialmente após o assassinato de um candidato presidencial em 2023. Noboa, por sua vez, determinou a militarização dos portos e o fechamento das fronteiras até segunda-feira, 10, em resposta a ameaças de grupos armados.
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Na capital, Quito, Noboa tem promovido sua imagem jovial, caminhando com soldados armados e utilizando coletes à prova de balas durante suas aparições públicas. Em contraste, González tem se concentrado em fortalecer sua presença em áreas mais afetadas pela violência, buscando apoio entre os eleitores que se sentem inseguros.
As pesquisas de intenção de voto indicam uma vantagem para Noboa, mas sem garantir uma vitória no primeiro turno. A polarização entre os candidatos reflete um país dividido entre o desejo de continuidade e a busca por mudança.
O aumento da criminalidade e a insegurança têm levado muitos equatorianos a reconsiderar suas prioridades eleitorais. Segundo o antropólogo Salvador Schavelzon, a questão da segurança tem tomado o lugar de temas que anteriormente eram centrais nas eleições, como a questão indígena e a ecologia.
Além disso, a eleição deste domingo também decidirá 151 membros da Assembleia Nacional e cinco parlamentares andinos, o que torna o pleito ainda mais relevante para o futuro político do Equador.
Com um cenário tão conturbado, a expectativa é de que a participação do eleitorado seja alta, refletindo a urgência de uma solução para os problemas que afligem o país.
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