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Venezuela retoma voos para repatriar deportados dos EUA após acordo com Trump
Dois aviões da companhia estatal Conviasa foram enviados aos EUA para trazer venezuelanos deportados, incluindo supostos criminosos.
O governo venezuelano anunciou nesta segunda-feira, 10, que dois aviões da companhia aérea estatal Conviasa partiram dos Estados Unidos com um grupo de venezuelanos que possuem ordens de deportação. Essa ação ocorre dez dias após uma reunião em Caracas entre o presidente Nicolás Maduro e Richard Grenell, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os voos partiram de Fort Bliss, no Texas, onde estão detidos migrantes sujeitos à deportação. A Casa Branca confirmou a operação em uma mensagem nas redes sociais, afirmando que “voos de repatriação para a Venezuela foram retomados”.
A Venezuela não mantém relações diplomáticas com Washington desde 2019, quando o governo dos EUA reconheceu Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional, como presidente interino do país. Desde então, o regime de Maduro se recusou a aceitar deportações, exceto por um breve período durante a administração Biden.
O comunicado oficial do governo venezuelano afirma: “Dirigem-se para a terra venezuelana dois aviões, para transportar de volta ao nosso território compatriotas imigrantes que estavam nos Estados Unidos”. Entretanto, o número exato de deportados não foi especificado. Entre eles, há supostos criminosos vinculados ao grupo criminoso conhecido como Trem de Aragua, que é considerado uma organização terrorista pelos EUA.
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O governo de Maduro enfatizou que qualquer transferência de venezuelanos deve ser realizada com “absoluto respeito à sua dignidade e aos direitos humanos”. O comunicado também menciona que a Venezuela disponibilizou seus próprios aviões para buscar os deportados, reforçando a ideia de um retorno seguro.
A medida de repatriação ocorre em um contexto de crescente tensão entre os dois países. Trump prometeu implementar a maior campanha de deportação da história dos EUA, visando expulsar milhões de imigrantes indocumentados, muitos deles oriundos de países latino-americanos.
O anúncio dos voos de repatriação também segue a libertação de seis cidadãos americanos que estavam detidos na Venezuela, uma ação que foi parte das negociações entre os dois governos. A relação entre os Estados Unidos e a Venezuela tem sido marcada por conflitos e sanções, especialmente desde a reeleição de Maduro, que é acusado de fraudes eleitorais e violações de direitos humanos.
O “Plano Volta à Pátria”, que visa trazer de volta os venezuelanos que deixaram o país por motivos econômicos e políticos, é uma das iniciativas do governo de Maduro para lidar com a crise migratória. Estima-se que mais de 7,8 milhões de venezuelanos tenham emigrado nos últimos dez anos, em busca de melhores condições de vida.
O governo de Caracas espera que a retomada dos voos de repatriação possa sinalizar um novo começo nas relações com os Estados Unidos, baseadas no respeito mútuo e na cooperação em diversas áreas, incluindo segurança e justiça.
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