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Senador Eduardo Gomes é investigado por desvios em emendas parlamentares
A Polícia Federal solicita apuração de indícios que ligam o senador Eduardo Gomes a esquema de desvio de emendas.
A Polícia Federal (PF) solicitou a abertura de um inquérito para investigar suspeitas de desvios relacionados a emendas parlamentares do senador Eduardo Gomes, do Partido Liberal (PL) do Tocantins. Gomes, que ocupa o cargo de 1º vice-presidente do Senado, já foi líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e teve papel relevante na relatoria do orçamento de 2020.
O pedido da PF está vinculado à operação Emendário, que já mira outros três deputados do PL, denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento em práticas de corrupção. Durante a investigação, a PF analisou dispositivos eletrônicos apreendidos e encontrou mensagens que sugerem a participação de Gomes em um esquema de rateio de emendas.
As mensagens revelam uma conversa entre um ex-assessor de Gomes, identificado como Lizoel Bezerra, e Carlos Lopes, secretário parlamentar do deputado Josimar Maranhãzinho, também do PL. Em uma troca de mensagens datada de fevereiro de 2022, Lizoel cobra de Lopes o pagamento de valores que totalizam R$ 1,3 milhão, dos quais R$ 150 mil seriam urgentes devido a uma suposta viagem.
Além disso, a PF destaca que as mensagens indicam que Lizoel e Lopes discutiam porcentagens de emendas atribuídas ao senador, o que sugere um modus operandi similar ao que está sendo investigado. A PF afirma que a cobrança feita por Lizoel Bezerra reflete um “saldo devedor” que poderia comprometer a atuação de Gomes em futuros orçamentos.
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Em uma das mensagens, Lizoel expressa sua preocupação com a situação: “A pior parte disso tudo é eu ficando queimado com o amigo e nesse próximo orçamento não vou ter nada. Isso é de fuder”, diz ele, revelando a pressão que sentia em relação ao atraso nos pagamentos.
As conversas entre os assessores se estenderam até 10 de março de 2022, dia anterior à execução de um mandado de busca na residência de Carlos Lopes. A PF, ao encaminhar seu relatório à PGR, sugeriu que as evidências coletadas poderiam justificar a abertura de uma nova investigação sobre o senador.
A PF descreve as mensagens como um “encontro fortuito de provas”, que, embora não estejam diretamente ligadas às emendas já sob investigação, corroboram a hipótese de um esquema de rateio de valores. A PGR, por sua vez, em despacho de agosto de 2024, determinou a extração do relatório da PF e a realização de diligências preliminares.
Em resposta às acusações, a assessoria de Eduardo Gomes afirmou que, durante sua liderança no governo Bolsonaro, o senador destinou recursos para diversos estados, incluindo o Maranhão, e que sua única emenda individual para outro estado fora do Tocantins foi em decorrência de uma calamidade no Rio Grande do Sul, no valor de R$ 1 milhão.
Sobre Lizoel Bezerra, a assessoria esclareceu que ele atuou como motorista durante campanhas políticas de Gomes, mas não é funcionário do gabinete do senador. A investigação da PF continua, e novas informações devem ser apuradas à medida que o inquérito avança.
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