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Governo brasileiro descarta guerra comercial após tarifas de Trump sobre aço
Ministro Alexandre Padilha reafirma compromisso do Brasil com o diálogo e o livre comércio
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, declarou nesta terça-feira (11) que o Brasil "não entrará em nenhuma guerra comercial" em resposta às novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações de aço e alumínio. A afirmação foi feita durante um evento em Brasília, onde Padilha enfatizou a importância do diálogo e do livre comércio.
As tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, anunciadas por Trump, entrarão em vigor no dia 12 de março e afetam diretamente o Brasil, que é o segundo maior fornecedor desses metais para o mercado americano. Em 2024, o país exportou 4,08 milhões de toneladas de aço, atrás apenas do Canadá, que liderou com 5,95 milhões de toneladas.
Padilha destacou que o governo brasileiro não tem interesse em retaliar e que a estratégia será buscar o diálogo como forma de mitigar os impactos das novas tarifas. "O presidente Lula tem dito que guerra comercial não faz bem para ninguém. O Brasil não estimula e não entrará em guerra comercial", afirmou Padilha.
O ministro também ressaltou que, embora o governo esteja monitorando a situação com cautela, ainda não há uma definição sobre possíveis reações ou medidas de reciprocidade. "O governo vai aguardar decisões concretas antes de qualquer manifestação", disse.
Trump, em suas declarações, indicou que as tarifas visam proteger a indústria americana e que não afetarão todos os países de forma igual. Ele mencionou que haverá reciprocidade para aqueles que, segundo ele, tiram vantagem dos Estados Unidos. A medida foi recebida com preocupação por diversos países, incluindo o Brasil, que depende fortemente do mercado americano para suas exportações de aço.
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Durante a conversa com jornalistas, Padilha reiterou que o governo brasileiro sempre será favorável ao fortalecimento do livre comércio e que a construção de instrumentos de diálogo com outras nações é um avanço importante. "Um dos avanços importantes para o mundo nos últimos anos foi exatamente a gente construir instrumentos de diálogo com os países", destacou.
O impacto das tarifas de Trump pode ser significativo para a indústria siderúrgica brasileira, que já enfrentou desafios no passado devido a políticas protecionistas. O governo Lula está avaliando estratégias para minimizar os efeitos das tarifas, incluindo negociações bilaterais e possíveis contrapartidas.
Além de Padilha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também comentou a situação, afirmando que o governo se manifestará apenas após a efetivação das tarifas. "O governo tomou uma decisão de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas, e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos", disse Haddad.
A posição do Brasil, que busca evitar um confronto comercial com os Estados Unidos, reflete uma estratégia de diplomacia econômica, visando proteger seus interesses sem entrar em um ciclo de retaliações que poderia prejudicar ainda mais as relações comerciais entre os dois países.
Com a imposição das tarifas, o Brasil se junta a outros países que estão buscando formas de responder à política comercial de Trump, que tem sido marcada por uma abordagem protecionista. A expectativa é que o governo brasileiro continue a monitorar a situação e busque soluções que não comprometam o fluxo comercial.
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