O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky convocou aliados europeus a se unirem contra a Rússia em discurso na Conferência de Segurança de Munique.
15 de Fevereiro de 2025 às 20h03

Zelensky pede união europeia e exército conjunto para enfrentar a Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky convocou aliados europeus a se unirem contra a Rússia em discurso na Conferência de Segurança de Munique.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo contundente neste sábado (15) a seus aliados europeus, solicitando a criação de um exército conjunto para enfrentar a Rússia, que se aproxima cada vez mais dos Estados Unidos. Zelensky expressou sua preocupação com a possibilidade de um acordo entre Moscou e Washington que poderia ocorrer "pelas costas da Ucrânia".

Às vésperas do terceiro aniversário da intervenção militar russa na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022, o líder ucraniano enfatizou a necessidade de uma política externa e de defesa comum entre os países europeus. Ele argumentou que essa união demonstraria a Washington que o continente está assumindo o controle de sua própria segurança.

Durante seu discurso na Conferência de Segurança de Munique, Zelensky declarou: "Eu realmente acredito que chegou a hora de criar as forças armadas da Europa". Ele alertou que o tempo em que os Estados Unidos apoiavam a Europa apenas por tradição já passou.

O presidente ucraniano também se referiu ao encontro recente entre o vice-presidente dos Estados Unidos e líderes europeus, afirmando que "estamos chegando ao fim de várias décadas de boas relações entre os Estados Unidos e a Europa". Ele destacou que as coisas mudarão e que a Europa deve se adaptar, ressaltando que não se pode descartar a possibilidade de os Estados Unidos negarem apoio à Europa em questões críticas.

A declaração de Zelensky é uma resposta direta à conversa telefônica entre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, que ocorreu sem a consulta a líderes europeus. Essa falta de inclusão gerou preocupação entre os europeus, que se sentem na defensiva diante das discussões entre Washington e Moscou.

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Vinte e três países da OTAN também fazem parte da União Europeia, e a perspectiva de negociações lideradas por Trump para a paz na Ucrânia não é vista como uma boa notícia. Apesar das promessas do Secretário de Defesa dos EUA de garantir segurança à Ucrânia, muitos europeus expressam ceticismo em relação a um acordo que não envolva sua participação.

Representantes europeus, incluindo a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, criticaram abertamente as concessões que Trump poderia oferecer a Putin, afirmando que um acordo "pelas costas da Europa" não seria viável. Kallas se uniu ao ministro da Defesa da Alemanha, Oskar Pistorius, para expressar suas preocupações sobre a abordagem de Trump.

Zelensky também advertiu sobre os riscos de um acordo de paz que forçasse a Ucrânia a capitular, afirmando que o presidente dos Estados Unidos deveria reconhecer a importância da Europa nas negociações. Ele reiterou que "não deve haver nenhuma decisão sobre a Ucrânia sem a Ucrânia" e que a segurança da Europa não pode ser garantida sem a participação dos europeus.

O presidente ucraniano criticou Putin, chamando-o de "mentiroso" e ressaltou que o líder russo não pode oferecer garantias reais de segurança, uma vez que a Rússia, em seu estado atual, depende da guerra para se manter. Zelensky alertou que a exclusão da Ucrânia das negociações sobre seu futuro seria prejudicial para todos os envolvidos.

Por fim, Zelensky expressou sua preocupação de que Putin poderia usar sua relação com Trump como uma forma de demonstrar força dentro da Rússia, prevendo que o presidente americano poderia ser apresentado como um símbolo em eventos importantes, como as comemorações do Dia da Vitória na Rússia.

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