Encontro ocorre em meio a negociações dos EUA com a Rússia que não incluem a Ucrânia, gerando preocupação entre os europeus.
17 de Fevereiro de 2025 às 10h21

Líderes europeus se reúnem em Paris para discutir paz na Ucrânia após exclusão de Trump

Encontro ocorre em meio a negociações dos EUA com a Rússia que não incluem a Ucrânia, gerando preocupação entre os europeus.

Na manhã desta segunda-feira, 17, líderes europeus se reuniram em Paris, França, para uma cúpula de emergência voltada para a situação na Ucrânia. O encontro acontece após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a abertura de negociações unilaterais com a Rússia, o que gerou inquietação entre os países europeus quanto à possibilidade de serem excluídos das tratativas que impactam diretamente o continente.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, destacou a importância dessa reunião, classificando-a como um momento “único em uma geração” para a segurança nacional da Europa. A cúpula reúne líderes da Alemanha, Itália, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca, além do presidente do Conselho Europeu, da presidente da Comissão Europeia e do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O anfitrião, o presidente francês Emmanuel Macron, descreveu o evento como uma “reunião informal”.

Nos últimos dias, a postura de Trump e de membros de seu governo tem suscitado preocupações sobre uma possível mudança na frente unida em apoio à Ucrânia, que até então era mantida entre Washington e seus aliados europeus. As declarações do presidente americano em relação a seu homólogo russo, Vladimir Putin, e os comentários de seu gabinete sobre a situação na Ucrânia e a Otan levantaram suspeitas de que os EUA estão buscando um processo diplomático rápido para encerrar o conflito, o que poderia resultar em concessões significativas à Rússia.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e outros altos funcionários do governo americano, como o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, estão a caminho da Arábia Saudita para negociações preliminares sobre a Ucrânia, que devem ter início na terça-feira. O ministro da Defesa russo, Sergei Lavrov, e o conselheiro de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, foram designados para participar das discussões em Riade, onde a Arábia Saudita atuará como mediadora.

Embora os ucranianos tenham declarado que não participarão das negociações, o diplomata americano Keith Kellogg, encarregado por Trump da questão Rússia-Ucrânia, discutiu a possibilidade de um conjunto de negociações de “dupla via” e planeja visitar Kiev ainda esta semana.

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reafirmou sua posição, afirmando que “nunca aceitaria nenhuma decisão entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Ucrânia”. Após uma longa conversa telefônica entre Trump e Putin na semana passada, o presidente americano anunciou que as negociações para encerrar a guerra na Ucrânia começariam “imediatamente”, o que levantou a preocupação de que a Europa não teria voz nas discussões.

Rubio, por sua vez, caracterizou as negociações com a Rússia como os primeiros passos para avaliar se Putin está comprometido com o fim do conflito. O secretário de Defesa dos EUA indicou que tanto a Ucrânia quanto a Europa estariam incluídas nas conversações, aliviando algumas das preocupações levantadas pelos líderes europeus.

Macron, em uma conversa telefônica com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, enfatizou a necessidade de que a Europa esteja no centro das discussões sobre a Ucrânia, refletindo a urgência da situação no Leste Europeu.

Enquanto isso, a reunião em Paris busca alinhar as posições dos países europeus em relação ao que pode ser um acordo de paz com a Rússia, além de discutir garantias de segurança para a Ucrânia e a possibilidade de uma representação europeia nas negociações mais amplas.

O encontro em Paris é um passo significativo para os líderes europeus, que buscam reafirmar sua relevância nas discussões sobre a segurança do continente e a resolução do conflito que afeta a Ucrânia e a estabilidade na região.

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