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Governo posterga decisão sobre retomada das obras da usina nuclear Angra 3
Ministro de Minas e Energia destaca importância do setor nuclear em reunião do CNPE
O governo federal adiou, nesta terça-feira (18), a decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear Angra 3, que estão paralisadas desde 1981, após várias interrupções. A deliberação ocorreu durante uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão que assessora o presidente da República.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enfatizou a relevância do projeto, afirmando que a questão deve ser analisada de forma abrangente. “Angra 3 era o último ponto e disponibilizei o meu voto na última reunião. Hoje, ressaltei mais uma vez a importância do setor nuclear”, disse.
A discussão sobre a obra já havia sido adiada anteriormente, em dezembro, quando ministros solicitaram mais tempo para avaliar a retomada do empreendimento. Silveira indicou que seu voto seria favorável à continuidade das obras, desde que houvesse uma reestruturação na governança da Eletronuclear, empresa responsável pelo projeto.
O estudo realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelou que o investimento necessário para concluir a usina é de R$ 23 bilhões, um valor semelhante ao custo de abandono da obra, que seria de R$ 21 bilhões. O BNDES foi contratado em 2019 para elaborar um plano de reestruturação do projeto, que está em andamento desde a década de 80.
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Durante a reunião, foi informado que a tarifa prevista para a energia gerada por Angra 3 é de R$ 640 por megawatt-hora (MWh), com expectativa de redução para menos de R$ 600. Essa tarifa é considerada alta, mas interlocutores afirmam que a energia gerada pela usina será mais barata do que a proveniente de usinas térmicas em horários de pico.
Além disso, o estudo do BNDES, que contou com a participação de nove empresas, identificou que cerca de R$ 800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados na construção da usina Angra 2, o que pode impactar no custo total da obra.
A Eletronuclear, que já completou mais de 65% da construção de Angra 3, considera que a usina pode entrar em operação comercial até 2031, dependendo da conclusão das obras e da captação dos recursos necessários.
O adiamento da decisão sobre Angra 3 ocorre em um contexto de crescente debate sobre a necessidade de diversificação da matriz energética brasileira e a importância do setor nuclear na geração de energia limpa e sustentável.
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