Ata revela que participantes do Fed temem aumento da inflação devido a novas tarifas e políticas comerciais.
19 de Fevereiro de 2025 às 21h52

Federal Reserve expressa preocupações sobre políticas de Trump em ata recente

Ata revela que participantes do Fed temem aumento da inflação devido a novas tarifas e políticas comerciais.

A ata da mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, realizada nos dias 28 e 29 de janeiro, trouxe à tona preocupações significativas sobre o impacto das políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na inflação. Os membros do comitê, em uma decisão unânime, optaram por manter a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, mas expressaram um tom cauteloso em relação às incertezas econômicas geradas pelas novas diretrizes comerciais e de imigração.

De acordo com a ata, as propostas iniciais do governo Trump, que incluem tarifas sobre importações, têm levado empresas a antecipar aumentos de preços para repassar os custos adicionais aos consumidores. Essa expectativa de repasse de custos foi um dos principais pontos discutidos durante a reunião, com os participantes destacando que as pressões inflacionárias podem se intensificar.

Barbara Portela, CEO da Aliat Investimentos, comentou sobre a situação, afirmando que “os custos dessas mudanças serão repassados ao consumidor, que terá de enfrentar preços mais altos”. Ela também destacou que a ata menciona relatos de empresários que confirmam essa expectativa de aumento de preços.

Além disso, a ata indicou que os participantes da reunião apontaram riscos de alta para as perspectivas de inflação, em vez de focar nas condições do mercado de trabalho. Essa mudança de foco reflete uma preocupação crescente com a possibilidade de que as políticas de Trump possam desestabilizar a economia, especialmente em um momento em que a inflação já está acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed.

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Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, observou que a ata teve um tom mais hawkish, ou seja, mais restritivo em comparação ao comunicado anterior do Fed. “Alguns diretores levantaram dúvidas sobre o progresso da desinflação, especialmente após os últimos dados de inflação. Por isso, preferem aguardar novos sinais de avanço antes de promover cortes nos juros”, analisou Borsoi.

Os investidores aguardam ansiosamente por mais informações sobre como o Fed planeja lidar com as incertezas econômicas e as pressões inflacionárias. A ata divulgada nesta quarta-feira (19) foi vista como um indicativo de que o banco central está atento às mudanças no cenário econômico e às possíveis repercussões das políticas do governo Trump.

O índice de preços ao consumidor (CPI) de janeiro, que mostrou uma taxa acumulada em 12 meses de 3%, também foi mencionado na ata como um fator que reforça a necessidade de cautela por parte do Fed. Os analistas acreditam que, diante desse cenário, um corte na taxa de juros pode ser improvável antes de dezembro.

Com a divulgação da ata, o Federal Reserve reafirma seu compromisso em monitorar de perto as condições econômicas e a evolução da inflação, enquanto navega por um ambiente de incerteza gerado pelas novas políticas comerciais e tarifárias do governo.

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