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Dólar fecha a R$ 5,72 em meio a incertezas sobre tarifas de Trump
Alta de 0,65% no câmbio reflete preocupações com inflação e juros nos EUA; Bolsa cai 1,06%
O dólar comercial encerrou a quarta-feira (19) cotado a R$ 5,72, apresentando uma alta de 0,65% em relação ao fechamento anterior. Essa elevação ocorre em um contexto de novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que indicou a possibilidade de impor tarifas de até 25% sobre automóveis e produtos eletrônicos.
Na véspera, a moeda americana havia registrado uma queda de 0,40%, mas a pressão externa e as incertezas geradas pelas políticas econômicas de Trump voltaram a influenciar o mercado. A alta acumulada do dólar no mês é de 1,90%, enquanto a variação no ano é de 7,84% em relação ao real.
O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, também se valorizou, atingindo 107,39 pontos, um aumento de 0,14% no dia. Essa valorização está diretamente ligada à divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, o banco central dos EUA, que manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano.
A ata revelou que as propostas de Trump estão gerando preocupações entre os dirigentes do Fed, especialmente em relação ao aumento da inflação, o que poderia levar a uma elevação nas taxas de juros por um período prolongado. Essa perspectiva gera incertezas para os mercados emergentes, incluindo o Brasil, que pode enfrentar um cenário de juros mais altos.
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No Brasil, a volatilidade do câmbio também foi influenciada por operações de investidores estrangeiros no mercado futuro, que compraram grandes lotes de dólar no início da sessão e depois realizaram vendas, contribuindo para a oscilação da moeda. Às 12h38, o dólar à vista chegou a registrar a menor cotação do dia, a R$ 5,6829, uma queda de 0,10%.
Além disso, o Banco Central do Brasil vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional, uma medida para rolagem do vencimento de contratos que ocorrerá em abril de 2025. Essa ação visa estabilizar o mercado cambial em um momento de incertezas.
O fluxo cambial no Brasil também apresentou resultados negativos, com um total de US$ 2,335 bilhões em fevereiro até o dia 14, sendo que a saída pela via financeira foi de US$ 1,628 bilhão e pela via comercial, de US$ 707 milhões.
Às 17h, a Bolsa brasileira (B3) registrou uma queda de 1,06%, fechando aos 127.173 pontos, refletindo a tensão no mercado financeiro global, que é influenciado por fatores políticos e econômicos. A instabilidade política no Brasil, incluindo investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, e a perda de apoio do atual presidente Lula nas pesquisas, também contribuem para um ambiente econômico incerto.
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