Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira desembarcaram em São Paulo após meses de cativeiro e tortura
20 de Fevereiro de 2025 às 12h25

Brasileiros resgatados de tráfico humano em Mianmar retornam ao Brasil

Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira desembarcaram em São Paulo após meses de cativeiro e tortura

Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, chegaram ao Brasil na quarta-feira (19) após serem resgatados de uma rede de tráfico humano em Mianmar. Os jovens, que partiram inicialmente para a Tailândia em busca de emprego, foram sequestrados e forçados a trabalhar em um esquema de golpes financeiros.

Os dois brasileiros foram atraídos por promessas de um salário de R$ 8 mil mensais, mas acabaram em Myawaddy, uma cidade em meio a um conflito civil, onde foram mantidos reféns por uma máfia de origem chinesa. Durante o cativeiro, eram obrigados a aplicar fraudes e, caso não atingissem as metas impostas, enfrentavam torturas severas.

“Era muito difícil estar lá. Eles batiam na gente quase todos os dias e usavam máquinas de choque. Sofremos bastante”, relatou Luckas ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, onde foi recebido por familiares emocionados.

Phelipe também compartilhou sua experiência, revelando que tentaram fugir, mas foram capturados e espancados. “Bolamos um plano de fuga, mas não conseguimos. Eles nos pegaram e nos ameaçaram, dizendo que nunca sairíamos de lá”, contou.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

O resgate dos brasileiros foi possível graças à atuação da ONG Exodus Road Brasil e a um acordo com o Exército Budista Democrático Karen (DKBA), que opera na região. Os jovens expressaram sua gratidão pela ajuda recebida, mas lamentaram que muitos de seus amigos ainda permanecem em cativeiro.

Após o resgate, Luckas e Phelipe foram levados para a Tailândia, onde aguardaram a repatriação com o apoio da embaixada brasileira. O retorno ao Brasil foi marcado por uma mistura de alívio e tristeza, já que muitos dos que sofreram com eles ainda estão presos.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que estava ciente da situação e vinha trabalhando para garantir a segurança dos cidadãos brasileiros no exterior. A pasta também destacou a importância de alertar sobre os riscos do tráfico humano e as armadilhas de ofertas de emprego no Sudeste Asiático.

Luckas e Phelipe, agora livres, planejam retomar suas vidas, mas as marcas do sofrimento ainda estão presentes. “Estou feliz por estar de volta, mas não consigo esquecer o que aconteceu”, disse Phelipe, que pretende voltar à faculdade.

O caso dos brasileiros traz à tona a grave questão do tráfico humano e a necessidade de medidas mais eficazes para proteger aqueles que buscam oportunidades fora do país. A ONG Exodus Road, que atua na prevenção e resgate de vítimas, reafirmou seu compromisso em continuar o trabalho de conscientização e apoio a pessoas em situações vulneráveis.

Veja também:

Tópicos: