
Líder da extrema direita francesa cancela discurso na CPAC após gesto de Bannon
Jordan Bardella, presidente da Reunião Nacional, se ausentou após alusão a ideologia nazista durante evento nos EUA.
O líder da extrema direita francesa, Jordan Bardella, anunciou nesta sexta-feira (21) o cancelamento de seu discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada em Maryland, nos Estados Unidos. A decisão foi tomada após um orador, em uma aparente provocação, realizar um gesto que Bardella interpretou como uma referência à ideologia nazista.
Bardella, que é presidente do partido Reunião Nacional (RN) e braço direito de Marine Le Pen, disse em um comunicado que tomou a decisão imediatamente ao tomar conhecimento do gesto. Embora não tenha mencionado diretamente Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, a referência foi clara, uma vez que o gesto controverso ocorreu durante a fala de Bannon na CPAC.
Durante seu discurso, Bannon, conhecido por seu papel na campanha de Trump em 2016 e atualmente apresentador de um popular podcast, encerrou sua fala com o braço estendido e a palma voltada para baixo, um movimento que muitos interpretaram como uma alusão ao saudação nazista. O gesto provocou aplausos da plateia, mas também gerou críticas e comparações nas redes sociais.
Em sua declaração, Bardella afirmou: “Ontem, enquanto eu não estava presente na sala, um dos oradores, por provocação, permitiu-se um gesto que aludia à ideologia nazista. Portanto, tomei a decisão imediata de cancelar minha intervenção programada para esta tarde.”
A CPAC, que acontece anualmente e reúne líderes conservadores, tem se tornado um espaço cada vez mais alinhado ao movimento de Trump, o que tem gerado controvérsias entre os participantes. O gesto de Bannon não foi o único a gerar polêmica; Elon Musk, outro influente no círculo de Trump, também foi alvo de críticas por um gesto semelhante no passado.


Após o cancelamento, Bannon não hesitou em criticar Bardella, afirmando que se a decisão foi influenciada pela mídia, isso demonstrava fraqueza. “Se ele cancelou por causa do que os meios disseram, então ele não é digno de liderar a França. É um menino pequeno, não um homem”, declarou Bannon, que negou que seu gesto fosse uma saudação nazista, alegando que era apenas um aceno para a plateia.
O partido Reunião Nacional, que anteriormente era conhecido como Frente Nacional, tem buscado se distanciar de sua imagem anterior, marcada por acusações de antissemitismo e racismo. Recentemente, o partido tem tentado estabelecer laços mais estreitos com a direita americana, especialmente com Trump, apesar de um histórico de relações complicadas.
Marine Le Pen, figura proeminente do RN e candidata à presidência nas próximas eleições, já havia expressado apoio à extrema direita americana em eventos anteriores, destacando a necessidade de uma aliança entre os movimentos conservadores na Europa e nos Estados Unidos. Durante uma conferência em Madrid, ela proclamou o lema “Make Europe Great Again”, ecoando a retórica de Trump.
A decisão de Bardella de cancelar sua participação na CPAC reflete não apenas a controvérsia em torno de Bannon, mas também o delicado equilíbrio que o RN tenta manter entre suas aspirações políticas e as associações que podem prejudicar sua imagem.
Enquanto isso, a CPAC continua a ser um palco importante para a extrema direita, onde discursos inflamados e gestos provocativos frequentemente dominam a narrativa, atraindo tanto apoiadores fervorosos quanto críticos contundentes.
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