
Reino Unido e França propõem trégua parcial de um mês na Ucrânia
Proposta surge após encontro conturbado entre Zelensky e Trump, que agita diplomacia europeia.
A França e o Reino Unido apresentaram uma proposta de trégua parcial de um mês entre a Rússia e a Ucrânia, abrangendo ataques aéreos, marítimos e infraestruturas energéticas. O anúncio foi feito pelo presidente francês, Emmanuel Macron, nesta segunda-feira, 3, e busca reforçar o apoio europeu a Kiev em um momento de incerteza quanto ao respaldo dos Estados Unidos.
A proposta surge após um encontro tenso entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorreu na semana passada. Durante a reunião na Casa Branca, Zelensky expressou que seu país “está sozinho” e necessita de “garantias de segurança”. Em resposta, Trump criticou o líder ucraniano, chamando-o de “ingrato” e afirmando que a Ucrânia “não está vencendo” a guerra.
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, afirmou que a trégua proposta permitiria verificar se o presidente russo, Vladimir Putin, está agindo de boa-fé ao se comprometer com um cessar-fogo. “É a partir daí que negociações de paz reais podem começar”, destacou Barrot.
No domingo, após uma reunião entre líderes europeus, Macron e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, discutiram os detalhes da proposta, que ainda carece de esclarecimentos, como o monitoramento de possíveis ataques. Barrot enfatizou que “nunca o risco de uma guerra na Europa foi tão alto”, alertando que a situação se torna cada vez mais crítica.
Macron também comentou que não haverá tropas europeias em solo ucraniano nas próximas semanas, ressaltando que a prioridade é utilizar esse tempo para buscar uma trégua e iniciar negociações que levarão várias semanas. O primeiro-ministro britânico, Starmer, acrescentou que “tivemos três anos de conflito sangrento e agora precisamos chegar à paz duradoura”.


Starmer ainda mencionou que “mais um ou dois países” podem se juntar ao plano diplomático que será apresentado aos Estados Unidos. Ele expressou preocupação com a confiabilidade de Putin, afirmando que “o pior dos cenários seria chegarmos a uma pausa temporária e depois Putin voltar a atacar”.
Entretanto, Starmer não forneceu detalhes sobre como o plano abordaria a situação das regiões já ocupadas pela Rússia ou o futuro da Crimeia, que foi anexada em 2014. A devolução de territórios ucranianos é um ponto central nas negociações para o fim do conflito.
Questionado sobre a postura dos EUA, Starmer admitiu que se sentiu “desconfortável” assistindo ao encontro entre Trump e Zelensky, mas ressaltou que o presidente americano também busca negociar a paz na Ucrânia. Desde o início da guerra, os Estados Unidos já gastaram cerca de 183 bilhões de dólares em apoio à Ucrânia, segundo o Pentágono.
Na mesma linha, Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, comentou que as políticas externas dos EUA sob Trump estão alinhadas aos objetivos da Rússia. “A nova administração dos EUA está mudando rapidamente suas configurações de política externa, e isso coincide em grande parte com a nossa visão”, declarou Peskov.
Enquanto isso, Zelensky afirmou que trabalhará com a Europa para definir os termos de um possível acordo de paz a ser apresentado aos EUA. Ele enfatizou a necessidade de um forte apoio dos parceiros europeus, especialmente em um momento em que os ataques russos continuam intensos.
Veja também: