
Tarifas de Trump podem causar perda de US$ 1,5 bi nas exportações de aço do Brasil
Estudo do Ipea aponta impacto mínimo no PIB, mas queda significativa nas vendas do setor siderúrgico brasileiro.
As novas tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações de aço devem resultar em uma perda de US$ 1,5 bilhão nas exportações brasileiras do setor siderúrgico até 2025. Essa redução equivale a uma queda de aproximadamente 1,6 milhão de toneladas do produto vendido ao exterior, conforme aponta um estudo divulgado nesta quarta-feira (12 de março de 2025) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O documento destaca que o mercado norte-americano é crucial para as exportações de aço do Brasil, representando mais da metade das vendas do produto. O Ipea estima que a medida resultará em uma diminuição de 11,27% nas exportações de metais, enquanto o impacto nas importações será marginal, com uma redução de apenas 1,09%.
Apesar da perda significativa nas exportações, o impacto geral na economia brasileira será mínimo. O estudo prevê uma queda de apenas 0,01% no Produto Interno Bruto (PIB) do país, e uma redução de 0,03% nas exportações totais. O setor que mais sentirá os efeitos da nova tarifa será o de produtos semiacabados, como placas e lingotes, que têm cerca de 10% de seu faturamento vinculado às vendas para os Estados Unidos.
As tarifas, que entraram em vigor à meia-noite do dia 12 de março, fazem parte da política protecionista do presidente Donald Trump e afetam todos os parceiros comerciais dos EUA. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidirá sobre as ações a serem tomadas em relação à taxa após uma reunião marcada para sexta-feira (14 de março) com representantes norte-americanos.


Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea, ressaltou a importância do mercado americano para o aço brasileiro. “Os Estados Unidos são um mercado muito importante para o aço brasileiro, e essa importância só vem aumentando nos últimos anos”, afirmou Ribeiro em nota.
O Instituto Aço Brasil, que representa as empresas do setor, também se manifestou, afirmando que confia que o governo brasileiro conseguirá negociar condições especiais com os EUA. A entidade destacou que, durante o primeiro governo de Trump, foram estabelecidas cotas de importação isentas de tarifas, que foram revogadas com a nova medida.
O estudo do Ipea ainda analisa os impactos das tarifas na economia dos Estados Unidos, prevendo uma queda de 0,02% no PIB americano e retrações em investimentos e exportações. A medida, segundo o relatório, poderá resultar em um aumento na produção doméstica de aço nos EUA, mas com consequências negativas para as importações de metais ferrosos.
Com a nova taxa, as exportações brasileiras de aço para os EUA devem sofrer uma queda acentuada, com projeções indicando uma redução de até 36,2% nas vendas. A expectativa é que o governo brasileiro busque negociar a reversão das tarifas para evitar perdas significativas no setor siderúrgico.
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