
Ministros do G7 se reúnem no Canadá para discutir a situação na Ucrânia e tarifas de Trump
Os chanceleres das principais democracias ocidentais se reúnem no Canadá para abordar a crise na Ucrânia e as tensões comerciais com os EUA.
Os ministros das Relações Exteriores do Grupo dos Sete (G7) se reuniram em La Malbaie, no Canadá, nesta quinta-feira, em meio a crescentes tensões internacionais, especialmente relacionadas à situação na Ucrânia e às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A agenda do encontro inclui uma discussão sobre a proposta dos EUA de um cessar-fogo de 30 dias entre Rússia e Ucrânia, além de uma avaliação das recentes declarações de Trump que têm gerado desconforto entre os aliados. Os chanceleres de Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos, juntamente com representantes da União Europeia, buscam um consenso em um cenário marcado por divergências.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que participa da reunião, deve relatar as conversas que teve com representantes ucranianos em Jeddah, na Arábia Saudita, onde a Ucrânia manifestou disposição para aceitar o acordo de cessar-fogo. Contudo, a elaboração de uma declaração final consensual tem se mostrado desafiadora, com os EUA buscando limitar a linguagem sobre a Ucrânia e resistindo a uma declaração separada sobre a contenção da chamada frota sombra da Rússia, uma rede de navegação que escapa às sanções.
A Ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, tem sido uma voz crítica em relação às tarifas impostas por Trump. Em um discurso contundente, ela afirmou que “ninguém está a salvo” das tarifas do presidente americano, que foram descritas como “injustificáveis”. Joly enfatizou que a relação entre os EUA e o Canadá está em seu ponto mais baixo, devido às ameaças de tarifas e à retórica sobre a possível anexação do Canadá como o 51º estado dos EUA.


As tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio anunciadas por Trump provocaram reações imediatas do Canadá e da União Europeia, que implementaram medidas recíprocas. Joly destacou que o Canadá não fez nada para justificar os ataques de Trump à sua economia e identidade, reiterando que o país é “o melhor amigo, melhor vizinho e melhor aliado” dos EUA.
As tensões entre os aliados ocidentais se intensificaram nas últimas semanas, especialmente após a mudança na política externa dos EUA em relação à Ucrânia. Durante a reunião, os ministros do G7 devem discutir não apenas a crise na Ucrânia, mas também como lidar com a postura agressiva de Trump em relação ao comércio e à segurança internacional.
Diplomatas europeus expressaram preocupação com a influência de Rubio nas negociações e na política externa dos EUA, especialmente em um momento em que a unidade entre os aliados é crucial. A expectativa é que o encontro no Canadá possa facilitar as negociações sobre a Ucrânia, mas as divisões internas entre os membros do G7 são evidentes.
O cenário atual reflete um desvio significativo nas relações entre os EUA e seus aliados, com a retórica de Trump gerando incertezas e desconfiança. O G7, tradicionalmente um espaço de consenso, enfrenta desafios sem precedentes, e a capacidade dos ministros de encontrar um terreno comum será testada.
O resultado das discussões em La Malbaie poderá ter repercussões significativas para a diplomacia ocidental e para o futuro das relações entre os países do G7, especialmente em um contexto global onde a cooperação é mais necessária do que nunca.
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