A decisão contraria a posição inicial do delegado, que não via necessidade do procedimento, e gera novas controvérsias.
25 de Março de 2025 às 16h50

Reconstituição da morte de Vitória Regina será realizada pela polícia em Cajamar

A decisão contraria a posição inicial do delegado, que não via necessidade do procedimento, e gera novas controvérsias.

A Polícia Civil de São Paulo anunciou a realização da reconstituição da morte da jovem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, assassinada em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. A decisão vem após a família da vítima apontar contradições no depoimento do principal suspeito do crime, Maicol Antônio Sales dos Santos, que está preso e confessou a autoria do homicídio.

Na semana passada, o delegado responsável pelo caso, Fábio Cenachi, havia afirmado que não via necessidade de uma reconstituição, uma vez que a polícia já tinha convicção de que o crime foi cometido por Maicol. Contudo, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a reconstituição foi solicitada ao Instituto Médico Legal (IML) para esclarecer todas as circunstâncias do crime.

A SSP não revelou a data em que a reconstituição ocorrerá, mas destacou que as investigações continuam pela Delegacia de Cajamar, visando à conclusão do inquérito policial. A defesa de Maicol alega que ele foi coagido a confessar o crime e que seu depoimento contém várias inconsistências que precisam ser esclarecidas.

O advogado da família, Fábio Costa, mencionou que o depoimento do suspeito apresenta incongruências, como a afirmação de que ele matou Vitória dentro do carro com uma faca que estava entre o banco do motorista e a porta do veículo. “Matar dentro do carro e a perícia não identificar nenhuma mancha de sangue é menosprezar o trabalho da Polícia Científica”, afirmou Costa.

Outra inconsistência apontada pela defesa é a alegação de Maicol de que ele teria enterrado o corpo da jovem na mata. Costa, que estava presente quando o corpo foi encontrado, afirmou que não havia sinais de que o corpo tivesse sido enterrado. “Aquele corpo não foi enterrado, nem desenterrado”, disse.

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Além disso, a defesa questiona a narrativa de que Vitória teria entrado no carro de Maicol por vontade própria. Segundo o advogado, essa afirmação pode ser uma estratégia para evitar a acusação de emboscada, que é uma qualificadora no crime. “Se ela entra livremente no carro, ele se livra da acusação de emboscada”, explicou.

A irmã de Vitória, Weronica Regina de Sousa, expressou a esperança da família de que o caso não seja encerrado sem novas investigações. “Há várias coisas que não batem, inclusive a informação de ele ter enterrado o corpo, o que não é verdade”, afirmou Weronica, ressaltando que a família acredita que há outros envolvidos no crime.

O pai de Vitória, Carlos Alberto Souza, também manifestou suas dúvidas sobre a versão apresentada por Maicol. Ele acredita que o suspeito não agiu sozinho e que outras pessoas podem estar envolvidas no crime. “Quero saber de todos que estavam junto com ele. Todos. Eu falo todos porque tenho a certeza que não é mais um, deve ser mais dois ou mais três que estejam envolvidos nessa tramoia toda”, disse Carlos em entrevista.

Vitória Regina desapareceu após deixar o shopping onde trabalhava e pegar um ônibus a caminho de casa. As últimas imagens dela foram capturadas por câmeras de segurança, que mostram a jovem sendo abordada por dois homens no ponto de ônibus. Ela enviou mensagens a uma amiga, expressando medo e desconfiança em relação aos homens.

O caso gerou grande comoção na comunidade local, e no último sábado, familiares e amigos de Vitória realizaram uma manifestação em frente à delegacia da Polícia Civil de Cajamar, pedindo mais investigações e apontando inconsistências na confissão de Maicol.

A Secretaria da Segurança Pública reafirmou que todos os procedimentos adotados no caso, incluindo o depoimento do suspeito, obedeceram estritamente ao Código de Processo Penal. O principal suspeito permanece preso enquanto as investigações continuam.

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