
Lula afirma que não vê problemas em contatar Trump sobre tarifas comerciais
Durante viagem ao Vietnã, presidente brasileiro disse que busca diálogo para evitar tarifas entre os países.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou neste sábado, em Hanói, que não vê problemas em contatar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir tarifas comerciais. A declaração foi feita às vésperas da implementação de novas taxas norte-americanas, programadas para entrar em vigor no próximo dia 2 de abril.
“Na hora que eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump, eu não terei nenhum problema de ligar para ele”, afirmou Lula a jornalistas durante sua viagem oficial ao Vietnã. Ele também expressou a expectativa de que Trump não hesite em contatá-lo quando achar necessário. “Não é porque temos divergências ideológicas que dois presidentes não podem conversar”, completou.
Lula, que já havia mencionado a intenção de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos EUA aos produtores brasileiros, reiterou que o Brasil está em negociações com os norte-americanos. “Antes de fazer a briga da reciprocidade ou a briga da OMC, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os EUA”, disse o presidente.
Recentemente, Trump anunciou a imposição de uma taxa de 25% sobre todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos, que entrará em vigor em 2 de abril. Além disso, o Brasil já enfrenta tarifas de 25% sobre suas exportações de aço e alumínio desde o dia 12 de março. Com isso, há uma expectativa de que novas medidas possam ser anunciadas em breve.
“Os EUA só têm que saber que eles não estão sozinhos no planeta Terra. É só olhar o mapa do mundo para perceber que os EUA estão ligados a muitos outros países. Se eles tomam uma atitude unilateral, isso pode não ser tão bom para os EUA”, alertou Lula.


O presidente brasileiro retornará ao Brasil neste domingo após a viagem ao Vietnã, que resultou na abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira. Durante a visita, também foi feito um convite ao Vietnã para participar da cúpula dos Brics este ano, além de discussões sobre um acordo de aviação entre os dois países.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou a meta de alcançar um comércio bilateral entre Brasil e Vietnã de US$ 15 bilhões até 2030, após um fluxo de mais de US$ 7 bilhões em 2024.
Na mesma viagem, Lula abordou as conversas para a venda de aeronaves da Embraer no mercado asiático, mencionando que o Vietnã poderia adquirir aviões da fabricante brasileira. “Estamos discutindo com eles a necessidade de fazer com que a Embraer possa vender alguns aviões aqui... uma perspectiva de 50 aviões”, afirmou o presidente.
Além disso, Lula confirmou um acordo da JBS, uma das maiores processadoras de alimentos do mundo, que está considerando construir uma fábrica de processamento de carne no Vietnã, caso haja uma abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira.
Durante um encontro com empresários em Hanói, o presidente anunciou que uma empresa brasileira investirá US$ 100 milhões para o processamento de carne no Vietnã. A Embraer e a JBS fizeram parte da delegação empresarial que acompanhou Lula em sua viagem ao Vietnã.
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