
Lula destaca negociação com EUA sobre tarifas e critica postura de Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil buscará negociar tarifas com os Estados Unidos antes de tomar medidas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, neste sábado (29), que o Brasil se compromete a “negociar ao máximo” com os Estados Unidos a respeito das tarifas que podem ser aplicadas aos produtos brasileiros. Em um contexto de crescente tensão comercial, Lula enfatizou a importância de esgotar todas as possibilidades de diálogo antes de recorrer a medidas de reciprocidade ou à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Durante suas declarações, Lula destacou que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já estão em conversações com representantes do comércio norte-americano. “Antes de fazer a briga da reciprocidade ou de fazer a briga na OMC, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos”, afirmou.
O presidente brasileiro também expressou preocupação com o impacto das tarifas na economia americana, mencionando que não está claro como essas medidas afetarão a inflação e a taxa de juros nos Estados Unidos. “Eu sinceramente não sei o que vai acontecer na economia americana. Eu não sei se isso vai repercutir na inflação, no aumento da taxa de juros”, disse Lula, ressaltando que, apesar das incertezas, o Brasil está disposto a dialogar.


Além disso, Lula criticou a postura do presidente Donald Trump, afirmando que ele “não é o xerife do mundo” e que foi eleito para governar os EUA, não para impor regras a outros países. “O Brasil vai tentar negociar ao máximo, todas as palavras que estarão no nosso dicionário de negociação, nós vamos utilizá-las, mas não teremos preocupação em recorrer na OMC. Se não for resolvido, temos o direito de impor reciprocidade aos EUA. É simples assim”, declarou.
A expectativa é de que Trump anuncie novas tarifas em 2 de abril, que poderão afetar setores como automóveis, madeira e chips. Essa medida é vista como parte de uma estratégia mais ampla de Trump para fortalecer a indústria americana e corrigir desequilíbrios nas relações comerciais.
Os parceiros comerciais dos Estados Unidos também estão se preparando para responder ao possível anúncio de Trump. Projeções do governo americano indicam que a tarifa de 25% sobre carros, autopeças e caminhões leves importados pode injetar mais de R$ 5 trilhões na economia dos EUA. No entanto, a indústria automotiva já prevê que essa medida poderá resultar em um aumento de 10% nos preços dos automóveis.
Com o cenário comercial se tornando cada vez mais complexo, Lula enfatizou que o Brasil está fazendo o que precisa ser feito ao buscar negociações. “Estamos negociando. Tanto o meu ministro Mauro Vieira quanto o meu ministro Geraldo Alckmin já fizeram duas reuniões com representantes do comércio dos Estados Unidos para discutir”, concluiu.
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