
Michelle Bolsonaro clama a Fux: "Não jogue seu nome na lama" durante ato na Paulista
Em manifestação em São Paulo, ex-primeira-dama pede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
São Paulo — A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), fez um apelo emocionado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux durante um ato bolsonarista na Avenida Paulista, realizado neste domingo (6 de abril). O evento foi convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em defesa da anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Em seu discurso, Michelle criticou a postura de alguns membros do STF, mencionando especificamente a pena imposta à cabeleireira Dêbora Rodrigues dos Santos, que usou um batom para pichar a frase “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça”, localizada em frente ao Supremo. A ex-primeira-dama pediu a Fux que não permitisse que seu nome fosse manchado por decisões que, segundo ela, são injustas.
“Luiz Fux, eu sei que o senhor é um juiz de carreira e o senhor não vai jogar o seu nome na lama. Temos aqui a Adalgiza, de 64 anos, que está doente. Não deixe a Adalgiza morrer, Luiz Fux. Não faça com essa mulher o que fizeram com o Clezão, e hoje nós temos uma mãe e duas filhas chorando a morte do seu pai e do seu esposo”, declarou Michelle.
A ex-primeira-dama referiu-se a Adalgiza Maria Dourado, condenada a 16 anos de prisão, e a Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, que faleceu enquanto aguardava julgamento. Michelle argumentou que a pena de Dêbora é desproporcional, comparando-a à legislação que prevê penas menores para pichações.
“Só para vocês enxergarem a discrepância, o artigo 65 da lei 9605/98 diz que a pena para pichações varia de três meses a um ano. E a nossa Dêbora pegou 14 anos de prisão, com multa de 30 milhões de reais. A cada ano, ela tem que depositar um milhão de reais”, enfatizou.
Michelle também fez uma referência à liberdade de orientação sexual e religiosa, mencionando a presença de um pai de santo e do Padre Kelmon no ato, além de um rabino que não conseguiu subir no carro de som.
O ato na Avenida Paulista, que teve início às 14h, contou com a presença de Bolsonaro e Michelle, que se dirigiram ao caminhão de som estacionado próximo ao Masp, acenando para a multidão. O evento foi organizado pelo pastor Silas Malafaia e teve a participação de diversas lideranças políticas.


O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi um dos oradores e fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de covarde e atacando a atuação da Polícia Federal. “Ditadores de toga, principalmente como Alexandre de Moraes, se utilizaram do dia 8 para nos amedrontar. Olha a gente aqui. Essa é a resposta para você, seu covarde”, afirmou.
A deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) defendeu que os eventos de 8 de janeiro foram uma manifestação e não uma tentativa de golpe, enquanto o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) questionou os políticos presentes sobre o apoio à anistia.
Mais de 500 pessoas já foram condenadas pelo STF por participação nos atos de 8 de janeiro, enfrentando penas que variam de três a 17 anos de prisão. Os bolsonaristas alegam que as penas são excessivas e buscam a aprovação de um projeto de lei no Congresso para anistiar todos os envolvidos.
O simbolismo do ato foi reforçado pelo uso de batons pelos manifestantes, em referência ao caso de Dêbora, que se tornou um ícone na luta pela anistia. A cabeleireira, que ficou presa por dois anos, agora cumpre prisão domiciliar.
Neste domingo, a mobilização na Avenida Paulista se destacou pela ênfase na anistia, ao contrário de outras manifestações, como a realizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, há três semanas. O batom utilizado por Michelle em um vídeo de convocação se tornou um símbolo da luta pela liberdade dos condenados.
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