Observações do Telescópio James Webb revelam gases que podem indicar processos biológicos em K2-18 b
17 de Abril de 2025 às 15h29

Cientistas detectam sinais promissores de vida em planeta além do sistema solar

Observações do Telescópio James Webb revelam gases que podem indicar processos biológicos em K2-18 b

Uma equipe de cientistas anunciou uma descoberta potencialmente revolucionária ao detectar o que consideram os mais fortes sinais de vida em um planeta fora do sistema solar. Utilizando o Telescópio Espacial James Webb, os pesquisadores identificaram na atmosfera do planeta K2-18 b impressões digitais químicas de gases que, na Terra, são gerados exclusivamente por processos biológicos.

Os gases em questão, sulfeto de dimetila e dissulfeto de dimetila, são produzidos na Terra por organismos vivos, especialmente por formas de vida microbiana, como o fitoplâncton marinho. A presença desses compostos sugere que K2-18 b pode ser um mundo repleto de vida microbiana, embora os cientistas ressaltem que ainda não se trata da confirmação da existência de organismos vivos, mas sim de uma possível bioassinatura.

“Este é um momento transformador na busca por vida além do sistema solar. Demonstramos que é possível detectar bioassinaturas em planetas potencialmente habitáveis com as tecnologias atuais. Entramos na era da astrobiologia observacional”, afirmou o astrofísico Nikku Madhusudhan, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, principal autor do estudo publicado no Astrophysical Journal Letters.

K2-18 b é um planeta significativamente maior que a Terra, com uma massa 8,6 vezes superior e um diâmetro cerca de 2,6 vezes maior. Ele orbita uma anã vermelha, uma estrela menor e menos luminosa que o Sol, localizada a aproximadamente 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão. O planeta se encontra na chamada “zona habitável”, onde a água líquida, essencial para a vida, pode existir na superfície.

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Desde a década de 1990, os cientistas têm levantado a hipótese da existência de exoplanetas cobertos por oceanos de água líquida, potencialmente habitáveis por microorganismos e com uma atmosfera rica em hidrogênio, conhecidos como mundos oceânicos. Observações anteriores do James Webb já identificaram metano e dióxido de carbono na atmosfera de K2-18 b, marcando a primeira vez que moléculas à base de carbono foram detectadas em um exoplaneta na zona habitável de uma estrela.

“O único cenário que atualmente explica todos os dados obtidos até agora pelo JWST, incluindo observações passadas e presentes, é que K2-18 b é um mundo oceânico repleto de vida”, disse Madhusudhan. No entanto, ele enfatizou a necessidade de cautela, afirmando que “devemos estar abertos e continuar explorando outros cenários”.

Os cientistas também alertaram que, apesar das evidências promissoras, é necessário realizar mais observações para confirmar a presença de vida. “Os dados ricos do K2-18 b o tornam um mundo tentador”, afirmou Christopher Glein, cientista principal da Divisão de Ciências Espaciais do Southwest Research Institute, no Texas. “Entretanto, devemos ter muito cuidado para testar os dados da forma mais completa possível”, acrescentou.

A detecção dos gases foi feita com um nível de confiança de 99,7%, o que indica que ainda existe uma chance de 0,3% de que a observação seja um acaso estatístico. Os pesquisadores observaram que as concentrações atmosféricas de sulfeto de dimetila e dissulfeto de dimetila em K2-18 b são milhares de vezes superiores às encontradas na Terra, o que sugere fortemente a atividade biológica.

Embora a descoberta seja promissora, os cientistas ressaltam que muitos estudos adicionais serão necessários para determinar se a bioassinatura em K2-18 b realmente indica a presença de vida. A busca por vida fora da Terra continua a avançar, com novas tecnologias e métodos de observação sendo desenvolvidos.

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