Projeto de lei aprovado em comissão na Câmara exige curso com aval veterinário e normas rigorosas para pet shops, visando o bem-estar dos animais.
17 de Junho de 2025 às 10h35

Profissão de tosador de pets pode ganhar regulamentação federal

Projeto de lei aprovado em comissão na Câmara exige curso com aval veterinário e normas rigorosas para pet shops, visando o bem-estar dos animais.

A profissão de tosador de animais de estimação está prestes a ganhar um novo estatuto jurídico no Brasil. A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 1455/24, que estabelece regras claras para a atuação de banhistas, tosadores e esteticistas de pets. A medida responde à crescente preocupação com o bem-estar dos animais e os riscos sanitários associados à prestação desses serviços sem preparo técnico adequado.

Segundo o texto aprovado, somente profissionais certificados por cursos específicos, com aulas práticas presenciais e reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), poderão exercer as atividades. A nova regulamentação também abre espaço para a regularização de quem já atua no setor, desde que comprove ao menos seis meses de experiência e inicie o processo de certificação junto a entidades credenciadas.

“Hoje, qualquer um se diz profissional de banho e tosa, e isso leva a uma verdadeira balbúrdia. O resultado são acidentes, contaminações cruzadas, uso de equipamentos impróprios. Essa regulamentação é essencial”, afirma Ruisdael Maia, diretor executivo da União dos Kennel Clubes do Brasil (UKCB), que apoia abertamente o projeto.

O texto, de autoria do deputado Fábio Teruel (MDB-SP), proíbe o uso de instrumentos que possam provocar dor ou lesões nos animais, bem como a aplicação de produtos nocivos à saúde ou à integridade física dos pets. As infrações estarão sujeitas às penalidades previstas na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), incluindo sanções administrativas e criminais.

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Para além da formação dos profissionais, a proposta também atinge em cheio o setor empresarial. Pet shops e estabelecimentos que ofereçam serviços de banho e tosa precisarão cumprir exigências rigorosas de infraestrutura, higiene e segurança. Entre as determinações está a obrigação de manter videomonitoramento online durante os atendimentos, com armazenamento das gravações por no mínimo seis meses. A medida visa aumentar a transparência e permitir que os tutores acompanhem o tratamento dispensado a seus animais.

Os estabelecimentos deverão ainda contar com médico veterinário como responsável técnico e seguir protocolos rígidos de manejo, que vão desde a disponibilidade de alimentação e água até o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos trabalhadores. A ficha individual de cada animal também será obrigatória, com o registro do histórico de atendimento e identificação do tutor.

Para o relator do projeto, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), a ausência de normas tem prejudicado não apenas os animais, mas também a imagem de um setor em crescimento. “A falta de regulamentação abre espaço para práticas inadequadas e compromete a confiança do consumidor”, disse o parlamentar durante a tramitação.

A proposta ainda será analisada, em caráter conclusivo, pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, de Trabalho, e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Se aprovada em todas, poderá seguir direto ao Senado, sem passar pelo plenário da Câmara.

Se transformada em lei, a nova regulamentação poderá reposicionar o Brasil no cenário internacional. Segundo a UKCB, cursos certificados por instituições como a Federação Aliança Canina, com sede na Espanha, já oferecem formação com validade internacional — uma vantagem competitiva que poderá alavancar o setor e profissionalizar uma categoria que até hoje operava em grande parte à margem da lei.

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