
Lula a big techs: 'Se não quiserem regulamentação, que saiam do Brasil'
Presidente defende soberania brasileira em resposta a críticas de Trump sobre tarifas e regulamentação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou, nesta quarta-feira (6), a posição do Brasil em regular as empresas de tecnologia, conhecidas como big techs, durante uma entrevista à agência de notícias Reuters. Lula criticou a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que justificou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, destacando que o Brasil é um país soberano e que as empresas que não desejam seguir a legislação local devem deixar o país.
“Esse país é soberano, tem uma Constituição e uma legislação. É da nossa obrigação regular o que quisermos regular, de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro. Se não quiserem regulamentação, que saiam do Brasil. Não existe outro mecanismo”, declarou Lula, enfatizando a necessidade de que as big techs respeitem as normas brasileiras.
A declaração do presidente ocorreu em um contexto de crescente tensão entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após a imposição de tarifas pelo governo americano. Lula também criticou a tentativa de Trump de interferir nas decisões judiciais brasileiras, em especial no que diz respeito a processos envolvendo plataformas digitais. Ele afirmou que o primeiro erro da carta de Trump foi tentar dar ordens ao Judiciário brasileiro.
“O primeiro erro da carta é achar que pode dar ordem para uma Suprema Corte parar com um processo. A segunda é uma inverdade, dizer que está fazendo taxação por conta do déficit comercial dos EUA. Ele é superavitário com o Brasil”, afirmou o presidente, ressaltando que o Brasil teve um superávit de US$ 410 bilhões com os Estados Unidos nos últimos 15 anos.


Além disso, Lula destacou que 74% dos produtos americanos que chegam ao Brasil não pagam impostos, e que as tarifas médias são de apenas 2,7%. “Portanto, não há nada de anormal na nossa relação comercial com os EUA”, acrescentou.
Durante a entrevista, o presidente também se referiu à necessidade de regular as plataformas digitais, afirmando que a liberdade de expressão não deve ser uma autorização para a prática de crimes. Lula mencionou que as ações do governo americano são uma intromissão na soberania brasileira, e que o Brasil deve cuidar de seus próprios interesses.
“Ora, ele que cuide dos EUA, do Brasil cuidamos nós. Só tem um dono neste país, e só um dono manda no presidente da República: o povo, que elegeu e pode tirar”, destacou, referindo-se à relação entre os dois países e à importância de respeitar a soberania nacional.
Por fim, Lula expressou a esperança de que Trump leia suas declarações e compreenda que é possível encontrar uma solução para o impasse tarifário. Ele também reforçou que não tem nada contra o presidente americano, mas criticou suas atitudes que considera antipolíticas e anticivilizatórias.
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