Defesa do ex-presidente argumenta que não houve descumprimento das medidas cautelares impostas pela Corte.
07 de Agosto de 2025 às 10h24

Bolsonaro pede revisão de prisão domiciliar ao STF após decisão de Moraes

Defesa do ex-presidente argumenta que não houve descumprimento das medidas cautelares impostas pela Corte.

Nesta quarta-feira (6), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a revisão da decisão que resultou em sua prisão domiciliar, imposta pelo ministro Alexandre de Moraes na última segunda-feira (4).

Os advogados de Bolsonaro argumentam que a medida foi baseada em uma interpretação equivocada de suas declarações durante um ato em Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo eles, o ex-presidente não violou as restrições previamente estabelecidas pela Corte e pedem que o caso seja analisado de forma colegiada pela Primeira Turma do STF.

O pedido foi enviado ao ministro relator, que, na decisão anterior, considerou que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares, incluindo a proibição de uso das redes sociais, e a restrição de contato com outros investigados. Os advogados sustentam que a fala do ex-presidente foi uma mera saudação ao público, sem qualquer conteúdo que configurasse desobediência.

Em julho, o STF havia imposto uma série de medidas cautelares a Bolsonaro, que incluíam o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno. A defesa ressalta que a interpretação das restrições abertas pela Corte permite punições baseadas em ações de terceiros, algo que, segundo eles, foge ao controle do ex-presidente.

Os advogados também destacam que o próprio STF já havia afirmado que Bolsonaro não estava proibido de participar de eventos públicos ou conceder entrevistas. Para a defesa, essa afirmação reforça a argumentação de que não houve violação das ordens judiciais.

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Sobre o evento em Copacabana, que motivou a prisão domiciliar, a defesa afirma que Bolsonaro não fez discursos ilegais e que sua presença foi limitada a uma breve saudação. A gravação da manifestação, divulgada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, foi classificada como uma iniciativa de terceiros, algo que não deveria resultar em punição ao ex-mandatário.

Outro ponto levantado pelos advogados é que a Procuradoria-Geral da República não se manifestou sobre a suposta infração, o que, segundo eles, reforça a tese de que não houve descumprimento das medidas cautelares.

O documento apresentado pela defesa solicita que, caso o ministro Alexandre de Moraes não reconsidere sua decisão, o caso seja levado para julgamento presencial da Primeira Turma, conforme o regimento interno do STF prevê para situações que resultam em prisão.

Os advogados Celso Sanchez Vilardi, Daniel Bettamio Tesser e Paulo A. da Cunha Bueno representam Bolsonaro no processo e criticam o que consideram uma ampliação das restrições impostas, alegando que a punição fere princípios de legalidade e proporcionalidade.

A decisão de Moraes que resultou na prisão domiciliar foi motivada por descumprimentos anteriores das medidas cautelares, relacionadas a um inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023, na qual Bolsonaro é réu. Entre as violações citadas estão o uso das redes sociais para disseminar conteúdos considerados ofensivos ao STF.

O ministro destacou que o ex-presidente teria utilizado contas de aliados para veicular mensagens que instigavam a interferência de agentes estrangeiros no sistema de Justiça brasileiro, o que representaria uma forma de pressão sobre o Poder Judiciário.

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