Decisão judicial exige que governo apresente plano de recursos para manutenção dos equipamentos em 5 dias.
19 de Agosto de 2025 às 11h29

Justiça determina reativação de radares em rodovias federais sob pena de multa

Decisão judicial exige que governo apresente plano de recursos para manutenção dos equipamentos em 5 dias.

A 5ª Vara Federal em Brasília decidiu, na última segunda-feira (18), que o governo federal deve reativar os radares de fiscalização de velocidade nas rodovias federais. A medida foi tomada após a desativação dos equipamentos, que ocorreu em 1º de agosto, como resultado de um contingenciamento de R$ 31 bilhões no Orçamento de 2025, afetando 66.100 quilômetros de estradas, sendo cerca de 14.000 km sob concessão privada.

A juíza Diana Wanderlei, responsável pela decisão, estipulou uma multa diária de R$ 50.000 em caso de descumprimento da ordem. Em sua análise, a magistrada ressaltou que a suspensão dos radares representa um retrocesso na proteção social, uma vez que o próprio governo já havia defendido a manutenção desses dispositivos.

Documentos da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), vinculada ao Ministério dos Transportes, indicam que o orçamento destinado ao Programa Nacional de Controle Eletrônico de Velocidade (PNCV) foi drasticamente reduzido de R$ 364,1 milhões para apenas R$ 43,36 milhões, um valor considerado insuficiente para a manutenção dos contratos e funcionamento adequado dos radares.

A juíza também determinou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apresente, em até 72 horas, um diagnóstico sobre o período em que os radares estiveram desligados e detalhe os recursos necessários para retomar a operação. O governo federal, por sua vez, terá um prazo de cinco dias para apresentar um plano de recursos que viabilize a reativação dos equipamentos.

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Na decisão, Wanderlei destacou que os radares contribuíram para uma redução de 24,7% nas mortes nas rodovias federais entre 2010 e 2016, passando de 7.083 para 5.333 óbitos anuais, além de reduzir pela metade o número de acidentes. Ela enfatizou que os dispositivos são fundamentais também em investigações criminais, como em casos de roubo de carga e sequestros nas estradas.

A juíza descreveu a situação atual como um “apagão das rodovias federais”, alertando para o aumento significativo da velocidade em determinados trechos, o que compromete a segurança dos motoristas. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), o sistema de radares gera uma receita superior a R$ 1 bilhão em multas, revertida ao governo federal.

Wanderlei argumentou que a autonomia do Poder Executivo em definir as dotações orçamentárias é relativa, pois a manutenção de serviços essenciais não pode ser sacrificada. A decisão judicial foi fruto de uma ação popular movida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES) em 2019, quando o Brasil era governado por Jair Bolsonaro (PL), que havia anunciado o cancelamento da instalação de novos radares.

O caso levanta preocupações sobre a gestão dos recursos públicos e a responsabilidade do governo em garantir a segurança nas estradas, especialmente em um cenário de aumento da velocidade e do número de acidentes.

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