
Exportações de café especial do Brasil para os EUA caem 70% após tarifas de Trump
Queda acentuada ocorreu em agosto, com tarifa de 50% impactando o comércio, segundo a BSCA.
As exportações brasileiras de café especial para os Estados Unidos sofreram uma queda drástica em agosto de 2025, com uma redução de 70% em comparação ao mês anterior. Essa diminuição é atribuída à tarifa de 50% imposta pelo governo do ex-presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor recentemente.
Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafés) revelam que o Brasil enviou apenas 21.679 sacas de café especial aos norte-americanos no mês passado. Essa quantidade representa uma queda de 79,5% em relação ao mesmo mês de 2024 e de 69,6% em comparação a julho deste ano.
Os Estados Unidos, que até então eram o principal destino dos cafés especiais brasileiros, caíram para a sexta posição no ranking de importadores em agosto, sendo superados por países como Holanda, Alemanha, Bélgica, Itália e Suécia. A Holanda, por exemplo, importou 62.004 sacas, enquanto a Alemanha e a Bélgica seguiram com 50.463 e 46.931 sacas, respectivamente.
A presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Carmem Lucia Chaves de Brito, destacou que muitos contratos previamente assinados foram suspensos ou cancelados devido à nova tarifa, tornando inviável a continuidade dos negócios. “A taxa de 50% sobre os cafés especiais brasileiros torna praticamente inviável a realização desses negócios, devido aos preços extremamente elevados”, afirmou.


Chaves de Brito também alertou que o impacto da tarifa não afeta apenas os produtores e exportadores brasileiros, mas também os consumidores norte-americanos. “Já observamos uma elevação no preço do café para a população americana, o que gera inflação na economia do país”, acrescentou.
Ela enfatizou a necessidade de um diálogo entre o governo brasileiro e a administração Trump para buscar soluções que possam mitigar os efeitos da tarifa. “É crucial que mantenhamos conversas com os parceiros industriais e importadores nos EUA, assim como o governo brasileiro precisa abrir negociações para encontrar uma solução que restabeleça o fluxo do comércio de nossos cafés”, declarou.
Além disso, a BSCA ressaltou que a situação atual pode comprometer a estrutura do mercado de café, que foi construída com esforço e investimento ao longo dos anos. A presidente da associação expressou preocupação com o futuro das exportações e a possibilidade de uma diminuição ainda maior nas vendas para os EUA.
O café especial, que possui maior valor agregado em comparação ao grão convencional, é um produto estratégico para a economia brasileira. Com a queda nas exportações, o setor cafeeiro enfrenta um desafio significativo, que pode impactar toda a cadeia produtiva.
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