
Profissão de pet sitter cresce no Brasil com alta demanda urbana
Cuidador de animais ganha espaço em meio ao crescimento do mercado pet, que movimenta bilhões e abre novas oportunidades de serviços especializados
O mercado pet brasileiro já se consolidou como um dos mais relevantes do mundo. Em 2024, o setor como um todo movimentou R$ 75,4 bilhões e alcançou a terceira posição global, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Dentro desse ambiente de expansão acelerada, a profissão de pet sitter aparece como uma alternativa de carreira que une paixão pelos animais e oportunidade de renda.
O pet sitter é o cuidador que acompanha cães, gatos e outros animais de estimação durante a ausência dos tutores, oferecendo serviços como alimentação, passeios e companhia. Mais de 139 milhões de pets vivem hoje em lares brasileiros, e 56% das famílias têm ao menos um cão ou gato. Esse cenário garante um campo fértil para o crescimento da atividade, que já possibilita faturamentos que variam de R$ 2 mil a R$ 15 mil mensais, de acordo com a experiência e a região de atuação.
Mercado em expansão e novos hábitos de consumo
O setor pet brasileiro vem apresentando taxas de crescimento expressivas há mais de uma década. Em 2024, a alta foi de 9,6% em relação ao ano anterior, com destaque para o segmento de serviços, que inclui o pet sitting e registrou expansão de até 16% em algumas categorias.
Dentro da estrutura do mercado, a maior fatia é representada pelo pet food, que faturou R$ 40,8 bilhões. Em seguida aparecem a venda de animais, com R$ 8,1 bilhões, os produtos veterinários, que movimentaram R$ 7,8 bilhões, e os serviços veterinários, com R$ 7,7 bilhões. Já a categoria de pet care e acessórios, onde estão inseridos os serviços de cuidadores, somou R$ 11 bilhões, o que demonstra a força e a relevância desse setor em crescimento.
Um dos motores dessa transformação é o comportamento dos tutores. A humanização dos animais de estimação tornou-se evidente e hoje a média é de 1,8 pet por residência no país. Em grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, onde a rotina profissional é intensa, os serviços de pet sitters suprem uma necessidade crescente: garantir bem-estar e companhia para os animais mesmo quando os tutores estão ausentes.
Caminho para a profissionalização e formalização
A ausência de regulamentação formal da profissão no Brasil facilita a entrada no mercado, mas exige dos interessados em atuar responsabilidade e preparo. Para começar, é necessário ser maior de idade, ter disponibilidade para atendimentos domiciliares e flexibilidade de horários. Mais do que requisitos burocráticos, o diferencial está em competências comportamentais, como paciência, carinho, noções de comportamento animal e conhecimento básico de primeiros socorros veterinários.
A formalização ocorre principalmente por meio do registro como Microempreendedor Individual (MEI). O CNAE específico para a atividade é o 9609-2/08, que classifica o profissional como cuidador de animais independente. Com esse registro, é possível emitir notas fiscais e ter acesso a benefícios previdenciários. O limite de faturamento anual para o MEI é de R$ 81 mil e a contribuição mensal gira em torno de R$ 61,60, o que torna o modelo viável para quem está começando.
Outro ponto importante é a contratação de seguro contra acidentes. Essa medida transmite mais segurança ao tutor e protege o profissional, principalmente quando lida com cães de grande porte ou de comportamento imprevisível. Esse cuidado adicional pode ser decisivo na conquista de clientes em um mercado cada vez mais competitivo.
Capacitação, certificações e desafios da profissão
Além da formalização, investir em cursos e certificações é um diferencial para quem deseja se destacar. Existem opções gratuitas, como os cursos de 40 horas oferecidos por plataformas online, até certificações internacionais, como a emitida pela Pet Sitters International, que atesta a qualificação em padrões globais. Empresas como a Pet Anjo oferecem treinamento com base nesses parâmetros e a certificação CPPS®, reconhecida mundialmente, é considerada referência no setor.
A prática também é essencial para consolidar a carreira. Experiências em abrigos ou clínicas veterinárias ajudam a desenvolver habilidades e a lidar com diferentes situações. Já plataformas como GetNinjas e DogHero auxiliam na conexão inicial com clientes, funcionando como vitrine para novos profissionais.
Apesar do apelo emocional da atividade, o pet sitter precisa lidar com desafios que vão além do carinho pelos animais. É necessário preparo para situações de estresse, doenças, emergências médicas e até comportamentos agressivos. Casos de fuga ou perda de animais exigem protocolos de segurança e resiliência emocional. Além disso, a precificação dos serviços deve equilibrar sustentabilidade financeira e competitividade.
O valor médio por visita varia entre R$ 30 e R$ 100, dependendo da cidade, da duração do atendimento e da complexidade da tarefa. Durante férias e feriados, quando a procura aumenta, profissionais experientes relatam ganhos de até R$ 15 mil, mas a carga de trabalho irregular exige planejamento para lidar com períodos de menor demanda.
Perspectivas para os próximos anos
As perspectivas para a profissão são otimistas. Estudos apontam que o mercado pet global deve alcançar US$ 24,59 bilhões até 2029, com crescimento anual de 3,2%. No Brasil, a tendência é de maior regulamentação e profissionalização, impulsionada por iniciativas como o Cadastro Nacional de Animais Domésticos e pela criação de cursos especializados.
Outro fator que favorece a expansão é a preferência por cuidados domiciliares, que reduzem o estresse dos animais e mantêm a rotina em ambiente familiar. A incorporação do conceito de bem-estar integral, conhecido como pet wellness, abre novas oportunidades para serviços personalizados que vão além da alimentação e passeios.
A tecnologia também desempenha papel fundamental. Aplicativos que conectam tutores e cuidadores, sistemas de monitoramento em tempo real e dispositivos inteligentes para animais estão transformando a forma como os serviços são oferecidos. Até 2025, devem ganhar espaço as coleiras inteligentes, aplicativos de saúde e dispositivos interativos para pets.
A sustentabilidade é outro diferencial competitivo em ascensão. Tutores mais conscientes buscam profissionais que adotem práticas ambientalmente responsáveis, como o uso de produtos biodegradáveis e rotinas que promovam bem-estar de maneira sustentável.
Com mais de 285 mil empresas voltadas ao setor pet no Brasil e consumidores cada vez mais exigentes, a profissão de pet sitter se fortalece como uma oportunidade de carreira sólida e em expansão. O sucesso, no entanto, depende de capacitação, formalização e compromisso com a excelência no atendimento, características essenciais para se destacar em um mercado competitivo e bilionário.
Veja também: