Estudo do IBGE revela que a maioria dos trabalhadores é informal e ganha menos por hora que os demais.
17 de Outubro de 2025 às 14h26

Número de trabalhadores por aplicativos no Brasil cresce 25% e chega a 1,7 milhão

Estudo do IBGE revela que a maioria dos trabalhadores é informal e ganha menos por hora que os demais.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de trabalhadores que atuam por meio de aplicativos no Brasil alcançou 1,7 milhão em 2024, representando um crescimento de 25,4% em comparação a 2022, quando eram 1,3 milhão. Este aumento reflete uma mudança significativa no mercado de trabalho, onde esses profissionais representam agora 1,9% da população ocupada no setor privado, que totaliza 88,5 milhões de pessoas.

O estudo, divulgado nesta sexta-feira (17), abrange não apenas motoristas e entregadores, mas também profissionais de diversas áreas que utilizam plataformas digitais para oferecer seus serviços, como médicos, eletricistas e tradutores. A pesquisa revela que a maioria dos trabalhadores por aplicativo é composta por homens (83,9%), com idades entre 25 e 39 anos (47,3%) e com níveis de escolaridade variados, sendo que 59,3% possuem ensino médio completo ou superior incompleto.

Embora a prestação de serviços gerais tenha experimentado um crescimento notável, alcançando 17,8% do total de trabalhadores por aplicativo, a maior parte ainda está concentrada em serviços de transporte particular de passageiros, como Uber e 99, que representam 53,1% do total, seguidos por aplicativos de entrega de comida e produtos, com 29,3%.

O IBGE também destacou que, apesar do aumento no número de trabalhadores, a maioria deles (71,1%) é informal, e apenas 35,9% contribuem para a previdência social. Isso levanta preocupações sobre a segurança financeira e os direitos trabalhistas desses profissionais, que frequentemente enfrentam condições de trabalho precárias.

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O rendimento médio mensal dos trabalhadores por aplicativo em 2024 foi de R$ 2.996, superior ao dos não plataformizados, que foi de R$ 2.875. No entanto, a diferença salarial diminuiu em relação a 2022, quando os trabalhadores por aplicativo ganhavam R$ 255 a mais. Além disso, a carga horária dos trabalhadores por aplicativo foi maior, com uma média de 44,8 horas por semana, resultando em um ganho por hora inferior (R$ 15,4) em comparação aos não plataformizados (R$ 16,8).

O analista responsável pela pesquisa, Gustavo Fontes, sugere que a flexibilidade oferecida por essas plataformas pode ser um fator que atrai trabalhadores, permitindo que escolham seus horários e locais de trabalho. No entanto, a informalidade e a falta de benefícios trabalhistas permanecem desafios significativos para essa categoria.

A pesquisa também revelou que a maior parte dos trabalhadores por aplicativo está concentrada na região Sudeste do Brasil, que abriga 53,7% desse grupo. As regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte seguem em menor proporção, com 17,7%, 12,1%, 9% e 7,5%, respectivamente.

O IBGE considera que a pesquisa sobre trabalho por plataforma ainda é experimental e busca entender melhor as condições e características desse novo modelo de trabalho. As informações coletadas são essenciais para compreender as mudanças no mercado de trabalho brasileiro e os impactos nas vidas dos trabalhadores.

O levantamento foi realizado em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), e os dados foram coletados no terceiro trimestre de 2024. A pesquisa não incluiu trabalhadores que utilizam aplicativos como uma atividade secundária para complementar a renda.

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