Medida, que permite uso de militares nas ruas e restrições de direitos, afeta 10 milhões de pessoas na capital peruana.
22 de Outubro de 2025 às 11h27

Governo do Peru decreta estado de emergência em Lima para conter violência crescente

Medida, que permite uso de militares nas ruas e restrições de direitos, afeta 10 milhões de pessoas na capital peruana.

O governo interino do Peru, sob a liderança do presidente José Jerí, declarou estado de emergência na capital Lima e na cidade portuária de Callao, a partir da meia-noite de quarta-feira (21), em resposta a uma onda de violência e extorsões atribuídas ao crime organizado. A medida, que tem validade de 30 dias, impacta cerca de 10 milhões de habitantes na região metropolitana.

Durante uma transmissão ao vivo pela televisão estatal, Jerí explicou que o estado de emergência permite ao governo mobilizar as forças armadas para patrulhamento nas ruas e colaborar com a polícia na manutenção da ordem pública. Ele destacou que uma das restrições impostas proíbe que duas pessoas utilizem a mesma moto, uma tática frequentemente utilizada por criminosos.

“Compatriotas, a delinquência cresceu de maneira desmesurada nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e prejudicando o progresso do país”, afirmou Jerí em sua mensagem. “Mas isso acabou. Hoje, começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru”, acrescentou, enfatizando a seriedade da situação.

A medida representa a primeira ação significativa do novo governo, que assumiu o poder em meio a uma crise de segurança pública. O presidente interino, que é membro do partido de direita Somos Peru, assumiu a presidência após a destituição da ex-presidente Dina Boluarte, ocorrida em 10 de outubro, em um contexto de crescente descontentamento popular.

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Os protestos que levaram ao estado de emergência foram intensificados pela morte do rapper Trvko, que foi baleado durante uma manifestação no centro de Lima. O incidente provocou uma onda de revolta nas redes sociais e gerou novos confrontos entre manifestantes e a polícia, resultando em ferimentos para dezenas de civis e policiais.

As manifestações, que começaram em setembro, refletem a insatisfação da população com a crescente criminalidade e os abusos do Estado. A Geração Z, que lidera os protestos, exige reformas profundas, incluindo o fim do governo interino e a convocação de uma nova assembleia constituinte.

Dados oficiais indicam que as denúncias de extorsão no Peru aumentaram drasticamente, passando de 2.396 em 2023 para mais de 17.000 em 2024, com Lima liderando as estatísticas. Entre janeiro e setembro deste ano, foram registradas 20.705 denúncias, um aumento de 28,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O estado de emergência, que já havia sido implementado anteriormente entre março e julho, visa restabelecer a ordem em uma capital que enfrenta desafios significativos de segurança. O presidente Jerí concluiu sua mensagem afirmando que a luta contra o crime é uma prioridade e que o governo está determinado a recuperar a paz e a confiança da população.

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