Grupo de parentes e voluntários procura vítimas em área de difícil acesso após operação letal que deixou mais de 130 mortos.
30 de Outubro de 2025 às 10h10

Moradores buscam corpos na mata após megaoperações no Complexo da Penha e Alemão

Grupo de parentes e voluntários procura vítimas em área de difícil acesso após operação letal que deixou mais de 130 mortos.

Após a megaoperação das forças de segurança no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, moradores e parentes de possíveis vítimas estão em busca de corpos nas áreas de mata da região. A operação, que ocorreu na terça-feira, 28, é considerada a mais letal da história do estado, com um número estimado de mortos que pode ultrapassar 130.

Na manhã desta quarta-feira, 29, um grupo de moradores encontrou os corpos de um homem e uma mulher na região conhecida como Pedreira, onde a vegetação densa e o terreno acidentado dificultam as buscas. A situação é alarmante, pois relatos indicam que ainda há muitos corpos não localizados na área.

“Estamos aqui apenas com a ajuda de familiares e amigos. Não temos apoio das autoridades”, afirmou um dos moradores que participam da busca. A dificuldade de acesso à mata é um dos principais obstáculos enfrentados pelo grupo, que se mobiliza para encontrar e identificar as vítimas.

De acordo com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, até o momento, 132 pessoas teriam morrido durante a operação, incluindo 4 policiais. O governo do estado, no entanto, divulgou um balanço preliminar que contabilizava 64 mortes, sendo 60 de supostos criminosos.

Os moradores relatam que muitos dos corpos encontrados apresentam marcas de violência, como cortes e sinais de tortura. Um grupo de voluntários, em conjunto com a Associação de Moradores da Penha, está organizando a contagem oficial dos mortos, com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

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“É uma situação horrível. Ninguém nunca viu algo assim no Brasil”, desabafou uma moradora que preferiu não se identificar. Ela afirmou que muitos dos corpos encontrados estavam amarrados e com marcas de facadas, o que levanta preocupações sobre a brutalidade dos confrontos.

Durante a operação, as forças de segurança mobilizaram mais de 2.500 policiais, com o objetivo de desarticular ações do tráfico de drogas na região. No entanto, a violência resultante da operação gerou uma onda de indignação entre os moradores, que se sentem desamparados e expostos a um cenário de terror.

O governador Cláudio Castro, em entrevista, classificou a operação como um “sucesso”, afirmando que as únicas vítimas são os quatro policiais mortos. Essa declaração gerou revolta entre os familiares das vítimas, que argumentam que a realidade é muito mais complexa e trágica.

Enquanto as buscas continuam, a comunidade se organiza para prestar homenagens aos mortos e exigir justiça. O clima de luto e revolta permeia as conversas entre os moradores, que clamam por respostas e por um tratamento mais humano das autoridades em relação às suas vidas e à segurança na região.

A situação nas comunidades do Complexo da Penha e do Alemão permanece tensa, com moradores preocupados com a possibilidade de novos confrontos e a falta de apoio efetivo das autoridades. As buscas por corpos na mata seguem, e a esperança de encontrar os desaparecidos se mistura à dor da perda.

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